A fotografia seguinte, bem como as anteriores, foram enviadas por um leitor, à semelhança de muitas e muitas que publicamos em Lisboa SOS. Esta foto mostra o local do futuro Arquivo Municipal Central de Lisboa. Ei-lo, na sua esplendorosa arquitectura ultramoderna:
Para não sermos acusados de falar do que não sabemos, fomos aos arquivos. E o que nos dizia o Diário de Notícias, de 9 de Setembro de 2005 ?
«A futura Biblioteca e Arquivo Municipal Central começou ontem a ser construída no vale de Santo António, em Chelas, um complexo que pretende assumir-se como um pólo cultural de Lisboa. O projecto contempla um complexo com 43 mil metros quadrados, distribuídos por 11 pisos que vão acolher, além da biblioteca central, todo o arquivo municipal, um centro de convenções com dois auditórios, salas de exposição, espaços de lazer e restauração. A conclusão do edifício, que custará cerca de 30 milhões de euros, está prevista para 2008».
Portanto, se em Setembro de 2005 se começou a construir o edifício e se ele ainda se encontra assim, estando prevista a sua abertura ainda neste ano da Graça de 2008, vão ter que começar a andar um pouco mais depressa. Mas, calma, ainda só vamos em final de Agosto. Até Dezembro ainda é 2008. Haja esperança.
Acontece, porém, que o mesmo Diário de Notícias, que em 2005 dizia que já tinham começado as obras do novo Arquivo e Biblioteca Central de Lisboa (onde se incluía a Hemeroteca), escrevia em 6 de Julho de 2006 :
«O acervo da Hemeroteca de Lisboa, provisoriamente instalado no Palácio Marquês de Tomar, será transferido para o restaurado Palácio Relvas, no Bairro Alto, a inaugurar possivelmente em Novembro de 2007»
Portanto:
(a) em 2005, anunciaram-se as obras no Vale de Santo António, a inaugurar em 2008;
(b) em 2006, anunciou-se a transferência da Hemeroteca para o Palácio Relvas, a inaugurar em 2007.
Chegamos ao corrente mês de Agosto de 2008 e... nem construção nem transferência nem nada: só um buraco. Assim:
(a) a Hemeroteca Municipal continua provisoriamente instalada no Palácio Marquês de Tomar. «Provisoriamente», claro (já mostrámos no Lisboa SOS várias imagens da Hemeroteca);
(b) a transferência para o Palácio Relvas, a acontecer «possivelmente» até Novembro de 2007 ficou nisso mesmo: no reino cadaveroso do «possivelmente»;
(c) o buraco no Vale de Santo António esse já lá está. Bonito e espaçoso, como a fotografia acima bem o documenta. Arejado, de fácil acesso. Um belíssimo buraco, até do ponto de vista financeiro.
Entre o «provisoriamente» e o «possivelmente» assim se tratam as coisas na cidade de Lisboa. Uma capital governada com advérbios de modo.
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