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Do “Casal do Mineiro” à “Quinta do Mineiro”
"Agora se seguem, dos n.ºs 79 a 83, com seu portão gradeado de quinta (o Casal do Mineiro, que sucedeu ao Casal Novo no nome, como este sucedera ao antigo Casal ou Quinta do Tavares, do séc. XVIII e já XIX) as casas cor de rosa, à beira da antiga Rua de Entremuros, propriedade de Manuel José Monteiro (falecido em Novembro de 1937, e irmão do Dr. Vicente Monteiro, jurisconsulto ilustre, falecido também).
É esta uma propriedade das de maior área no sítio, que se prolonga como já vimos, à Rua das Amoreiras e à Travessa da Légua da Póvoa; possui no alto um magnífico palacete, que data de 1882, assim como a quinta setecentista do "Daniel das Carroças" da Rua de S. Bento, datava de 1878. Esta propriedade admirável, com estufas, jardins, e alguns terrenos ainda de cultivo, pertence ao filho daquele falecido capitalista, de nome Manuel Vicente Carvalho Monteiro (tutelado por doença incurável) e aos filhos do Dr. Vicente Monteiro". (Norberto de Araújo, Peregrinações em Lisboa, Livro XI, 1993, Vega. pp. 96. Cap. IX: Alto do Parque e Amoreiras).
O Externato dos Maristas inaugurado em 1947 na Rua da Estrela mudou-se para este palacete em 1953 e aqui ficou até 1989, quando se transferiu para o actual edificío em Benfica, construído de raiz. Mas, o que é que isto interessa? O que importa a memória de uma cidade aos loteadores de sonhos? Aqui mais tarde ou mais cedo nascerá mais um lindo condomínio fechado – espécie de prisão de ricos. Aqui, mais dia menos dia, os moradores de um outro condomínio (o Pátio Bagatela) e os moradores das travessas das Águas Livres e da Légua da Povoa perderão as vistas das traseiras. Aqui ficará enterrado para sempre mais um pedaço da memória da nossa cidade. Pesando os prós e os contras, ficamos todos a perder, mesmo os Coutinho.
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Exéquias
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Visita guiada às nossas memórias.
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12 comentários:
Não compreendi bem o nome desta casa/palacete.
Agradecia a informação !
Deus! Eu só lá estive um ano (no último ano em que "Os Maristas" estiveram lá), e poucas vezes entrei no Palacete, mas lembro-me dele em bem melhores condicoes... É triste. Parabéns pelo blog. Eu tenho alternado entre o choro e o riso...
Passei aqui "apenas" 12 anos da minha vida, da Pré-primaria ao 11º ano e tenho recordações que ficam para a vida inteira. Era um espaço verdadeiramente espantoso, mesmo no meio e Lisboa. É uma pena ceder assim às pressões imobiliárias.
Sai um ano antes do colégio se deslocar para benfica.
Vi ontem na televisão a polémica e a especulação imobiliária que rodeia este espaço.
Fiquei desolado em ver o estado do palacete.
Pena não ter imagens do jardim anexo.
Bons anos aqui passei e espero que os filhos também guardem boas recordação dos Maristas agora em benfica.
Este tipo de pseudovandalismo do edificio parece intencional com vista à inviabilização da sua recuperação, prática muito comum nos anos 80 e 90. Repare-se como a incidência é mesmo sobre os elementos mais trabalhados e que hoje serão muito difíceis de reproduzir. Coincidência?
"De passeio pelo campo, um homem novo encontra um muito velho que plantava com grande esforço um castanheiro.
- Que velho tão estupido! Porque raio plantas tu uma arvore da qual nunca chegarás a comer os frutos?
Acaso não seria mais inteligente plantar um pessegueiro ou uma laranjeira que produzem bem mais depressa e talvez ainda chegues a comer os seus frutos!?...
Com grande esforço o velho ergue-se e olhando para o homem novo diz-lhe:
- Sim, eu sei!... Quando muido, pude descobrir os varios sabores que as frutas nos oferecem porque alguem se preocupou em mos oferecer tratando e conservado as arvores.
Se eu não plantar esta arvore, nem os meus netos e nem os teus filhos chegarão a saber qual o sabor de uma castanha, nem as mil formas de a comer!"
Será que este País apenas se vai preocupar com o património, quando já não restar nada?????
http://www.simecqcultura.blogspot.com/
O país está entregue à saloiada e aos oportunistas. Querem lá saber da História da Cidade!... A conta bancária é que é importante, ora essa!... Corja!
Da Madragoa paseei a pé toda a Lisboa.
De norte a sul d'oeste a este,fui mesmo um ano ardina na Mouraria,entrava nos eléctricos em movimento e desenbarcava em mouvimento.Grande amador dos Museus conheço quase todos!!Vi durante os anos que vivi em Portugal o estado delabrado em que estàva Lisboa,das vezes que vou a Portugal volto desiludido... como é possivel que dotores,advogados,engenheiros,vulgo socrates.arquitectos etc,etc deixasem o pais cair nésta miséria.
Vâo para o governo sò para roubarem o povo?
PS Lord Byron teria razâo?
Eis as "maravilhas" da "abrilada", q tudo permitiu, no q concerne a selvajaría, vandalismo, etc, etc...
Uma coisa gostava eu de saber:
¿Por que motivo é o q o "Externato Marista" deixou o palacete na R. Artilhería 1, p/ se ir "desterrar" en Benfica?
Hoje, o dito palacete está en degradaçao (devido ao abandono e ao vandalismo a q foi votado, por culpa do Município, q nada fez p/ frenar esta hecatombe...):
- eis as "maravilhas" da "abrilada" (q tudo permitiu, no q concerne a degradaçao e vandalismo do Património, quer Nacional, quer Municipal...).
Aqui passei 9 anos da minha formacao pessoal. E'triste que um Pais de dignos lutadores se tenha transformado num pais governado por incapazes (na maioria) escolhidos sempre por falta de opcoes.
Um pais de governantes ignorantes e egoistas que abusam de um povo demasiado ocupado pela sua sobrevivencia mas de grande valor.
Pais sem justica. Optei por passar 36 anos da minha vida a lutar fora das fronteiras do meu querido pais e a dignificar sempre o seu nome no campo da Engenharia e Gestao de Projectos de dimensao mundial. Voltarei mas e' triste ver como o vulgarismo ocupou os nossos meios de comunicacao.
Preservar o patrimonio passado e' o comeco de um digno presente.
Que DEUS salve este pais.
Luis Cruz Almeida
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