segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O Mono do Rato.

De 'mono' na Internet a oportunidade no terreno
por INÊS BANHA


A polémica estalou na Internet, quando o desenho do edifício que vai ocupar o gaveto entre a Rua do Salitre, a Rua Alexandre Herculano e o Largo do Rato, em Lisboa, foi conhecido. Já lá vão seis anos. Desde então, não deixou de ser o "mono do Rato". No entanto, a alcunha do edifício começa a desvanecer-se. Se na Net segue a polémica - com a volumetria do projecto no centro do furacão -, os directamente visados pelo projecto dividem-se entre a apreensão e a oportunidade.

A licença de construção do edifício de escritórios e comércio, que vai ficar ao lado da Sinagoga de Lisboa e mudar radicalmente o rosto do Largo do Rato, foi aprovado em Dezembro último pela Câmara Municipal de Lisboa - depois de anos de avanços e recuos (ver caixa). No Restaurante Lamosa e na Associação Escolar de São Mamede, localizados no imóvel que será demolido, a mudança é vista como uma oportunidade. Já na ourivesaria Mercadora do Rato, onde ainda não há uma garantia de permanência no local, o processo é visto com apreensão.

Desde 1928 que o Restaurante Lamosa ocupa os números 184- -186 da Rua do Salitre. Mas, para Sara e José, donos do estabelecimento, "é muito bom" que se construa um novo edifício. "O senhorio não o vai recuperar, é impossível", e, assim, "fico com um restaurante com o mesmo número de lugares, com condições superiores", explica José ao DN. A chave do contentamento será mesmo o facto de poder continuar a exercer a sua actividade no novo prédio do Rato.

Em situação semelhante está a Associação Escolar de São Mamede, que ocupa, desde 1915, as actuais instalações, no número 192 da mesma rua, até à Rua Alexandre Herculano. "A nossa esperança é que consigamos, com melhores condições, voltar a ter mais alunos", afirma ao DN Aurélio Coelho, presidente da direcção da associação sem fins lucrativos. A base da crença é a promessa que, diz, já foi feita pelos advogados do promotor imobiliário - a Aldiniz - de que "a escola continuará no espaço actual".

Conversações é o que ainda não houve no caso da ourivesaria Mercadora do Rato, segundo disse ao DN António Santos, gerente do estabelecimento. "Não sabemos absolutamente nada, houve contactos, mas não foi iniciado qualquer tipo de conversação, não temos nem uma proposta nem uma decisão", conta o comerciante.

O certo é que, mesmo que exista um lugar para a ourivesaria no edifício projectado pelos arquitectos Frederico Valsassina e Manuel Aires Mateus, existirá sempre um período de "deslocalização temporária" que terá de ser negociado. É essa, aliás, a preocupação comum aos três inquilinos com quem o DN falou, que admitem haver muitos detalhes que necessitam de ser acertados.

Por enquanto, não se sabe quando terão início as obras, mas, ao DN, Aurélio Coelho afiança que "não deverão começar brevemente", caso contrário já o teriam avisado. Além disso, sublinha, a conjuntura económica poderá não ser a melhor para fazer um investimento tão elevado.

O DN entrou em contacto com o promotor imobiliário para saber mais detalhes sobre o processo, mas não obteve resposta até à hora de fecho desta edição.

(in DN).

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