terça-feira, 31 de agosto de 2010

Meter água.





Falta de verbas obriga a encerrar uma das três piscinas olímpicas de Lisboa
Por Marisa Soares

Piscina do Restelo, propriedade do Belensenses, tem dado prejuízos de 200 mil euros por ano e o clube recusa continuar a endividar-se. Decisão afecta atletas e público em geral

É uma das três piscinas olímpicas da zona de Lisboa (Restelo, Cidade Universitária e Jamor, esta última já no concelho de Oeiras), e "a mais bonita de Portugal", assevera Miguel Valente, antes de mergulhar na piscina de 50 metros com vista para o Tejo e para o Cristo Rei. "Vai fechar? Não sabia." Como ele, as cerca de 3000 pessoas que todos os meses frequentavam a piscina olímpica do Beleneses, no complexo desportivo do Restelo, foram surpreendidas com a notícia do seu encerramento, a partir de amanhã.

A direcção do Belenenses justifica a decisão, que anunciou no site a 21 de Agosto, com os "custos insustentáveis" do espaço.

Os prejuízos desta infra-estrutura rondam os 200 mil euros por ano. O vice-presidente do clube, Luís Bettencourt, explica que as facturas de água, gás, luz e os ordenados ultrapassam os 500 mil euros/ano, mas as receitas ficam-se pelos 335 mil euros. "O clube tem um passivo de cinco milhões de euros e quatro milhões de ordenados em atraso", explica. Perante este cenário, "a direcção não tem outra alternativa".

O temporal de Fevereiro de 2009 danificou a cobertura da piscina. O arranjo custará 100 mil euros , explica o dirigente. Além disso, "não faz sentido tapar a piscina sem fazer as outras intervenções necessárias". E são muitas. Inauguradas em 1993, as instalações acusam os anos e a falta de manutenção: as máquinas de filtrara água e as caldeiras estão enferrujadas, os tubos estão cobertos de remendos. Para as obras, o clube precisa de meio milhão de euros, de acordo com o presidente João Almeida, citado pela Lusa.

"Não queremos envolver-nos em leasing, para não hipotecar a próxima direcção", acrescenta o vice-presidente. "Se arranjássemos um patrocinador que pagasse a cobertura, poderíamos mantê-la aberta", frisa.

Alguns sócios ainda acreditam que a piscina é sustentável. "O que falta é espírito empresarial por parte da direcção", critica Ana Caio, sócia do clube e que ajudou a organizar uma concentração na piscina olímpica, marcada para hoje às 18h00, para mostrar o desagrado perante este desfecho.

Vítor Cunha, atleta master de natação no Belenenses, lembra que "esta piscina tem muitas valências" e defende que não podem deixar que encerre. Ali pratica-se natação de alta competição, pólo aquático (modalidade que a direcção também suspendeu, a par com o hóquei de sala e o hóquei em campo) e triatlo. "A olímpica já deu lucro, mas a direcção não reinvestiu esse dinheiro na piscina", lamenta.

Mais do que a decisão do encerramento, Teresa Ribeiro, sócia do clube há 10 anos e frequentadora assídua da piscina, critica a "falta de comunicação" entre a direcção e os sócios. A triatleta portuguesa Anais Verguet-Moniz, ao serviço do clube há dez anos, diz que está "desiludida" com o encerramento de uma piscina que "formou atletas de excelência ao longo dos últimos anos." Para quem quiser continuar a nadar no Restelo, a alternativa é a piscina média (25 metros), que será coberta no final de Setembro e que continuará aberta, pelo menos até ao final deste ano, porque o Belenenses também está a estudar a viabilidade financeira destaa piscina mais pequena. com Nuno de Noronha

(in Público)
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NOTA LISBOA SOS:
1) Entretanto, em Lisboa, falam de uma igreja do Troufa...
2) Só fica a existir 1 (uma) piscina olímpica na capital. A outra é no concelho de Oeiras.
3) A piscina do Belenenses é frequentada por 100 pessoas por dia, em média.
4) O novo presidente do Belenenses, o ex-deputado João Almeida, começa bem. Sim, senhor. O miúdo faz-se. Faz-se de parvo.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Porto S.O.S.?



Ruiu hoje ao fim da tarde um edifício de dois andares, o número 234 da Rua Miguel Bombarda, no centro do Porto. O incidente não provocou vítimas, apenas danos em viaturas. A informação é dos Bombeiros Sapadores do Porto, que foram chamados ao local às 18h37m.
A rua Miguel Bombarda é conhecida pela sua concentração de galerias de arte.
A foto acima é do n.º 254. Foi tirada há menos de 15 dias. O Porto tem, tal como Lisboa, um enorme número de prédios devolutos e em ruína. Pode ver vários exemplos aqui.
Para quando um Porto SOS?

Os Postais de Fernando Jorge: Av. Fontes Pereira de Melo.





Cidades e Recuperação Económica.

'No Economic Recovery Without Cities!'

At a time when a significant number of countries are facing severe economic problems, a group of citizens is promoting and developing a world civic initiative called 'No Economic Recovery Without Cities!' developed under the spirit of the United Nations “World Urban Campaign”.
This initiative arrives as a challenge to artists, businessmen, researchers and professionals who ‘work with cities’, as well as institutions and communities, to think collectively about the significant role cities can play in 'economic recovery'.

Although it's special (civic) nature, we think that this initiative can be an important sign to governments and regional/local administrations and a (unique) global 'collective learning' process.

We have already created an informal network - Facebook Group, a blog and we are begging to produce a document (in attach) with contributions of all network members.

The project is still in the beginning and we are looking for partners/champions to promote this initiative worldwide.

We think that you can have an important role in this civic initiative so we challenge you to Join the Project!

Feel free to contact me if you have any questions.

Best regards



José Carlos Mota



email: noeconomicrecovery@gmail.com

O mundo visto de Berlim: de aeroporto a parque.



Em Berlim o aeroporto de Templehof foi desactivado em 2008. Em 2009 as autoridades da cidade decidiram fazer do espaço um enorme parque urbano.
Em Lisboa, o aeroporto da Portela vai ser, talvez, desactivado lá para 2020. São mais de 500 hectares hoje bastante centrais. No final de 2011 irá abrir a estação de metro, se não houver novos atrasos. Mas ninguém parece, para já, muito interessado em falar do futuro. No passado houve alguns concursos de ideias e em 2009 falou-se de um «pulmão verde» e da instalação de pólos tecnológicos. Mas nada de concreto surgiu.
Aqui segue o link para as fotos dos projectos do parque de Templehof que estão agora em discussão. É sempre bom ver o que se faz lá fora.
Mais uma vez agradecemos ao Der Spiegel on-line.

Esterilização: a solução? Na falta de adopção, não há outra opção...





Esterilização obrigatória nos centros de recolha de animais
Por Filipa Mora

Medida já foi adoptada pelos municípios de Lisboa e do Porto e deverá alargar-se a todo o país
Não é um tema novo, mas volta agora a despertar atenção pela recente decisão que obriga à esterilização dos animais abandonados e recolhidos pelos canis municipais. A medida já foi adoptada pelos municípios de Lisboa e do Porto e deverá alargar-se a todo o país. Os números oficiais divulgados pela Direcção-Geral de Veterinária demonstram que mais de 44 mil cães e gatos foram recolhidos pelas autarquias nos últimos quatro anos em Portugal. A estes números, acrescem os que são entregues e/ou abandonados à porta dos canis - agora designados por Centros de Recolha Oficial (CRO) por força do Decreto-Lei 314/2003, que aboliu os termos "canil" e "gatil". A legislação de 2003 obriga também a que todos os municípios tenham um CRO, o que nem sempre se verifica.

Fernando Rodrigues, médico veterinário da Câmara de Valongo e defensor da esterilização, afirma que a lei ajuda à melhoria das condições dos centros de recolha, que nem sempre tinham capacidade para o fazer. Para o veterinário, apesar das melhorias verificadas com a nova legislação, esta ainda peca por ser "muito ambígua". "A nossa competência é o incentivo à esterilização, mas isso tem de ser efectivamente feito pelo Ministério da Agricultura, que devia ter uma acção mais forte junto das clínicas", completa Fernando Rodrigues, que desenvolveu uma tese sobre o Estudo prévio para a implantação de um programa de controlo de reprodução em canídeos.

O veterinário rejeita a ideia de "política de lucro", para os veterinários, uma acusação lançada por algumas associações de defesa dos animais. Todos são, no entanto, a favor da esterilização, mas o que estas associações contestam são os valores praticados. Para o veterinário, o problema não incide nos valores praticados pelas clínicas, antes na falta de comparticipação do Estado, contrariamente ao que acontece, por exemplo, na Alemanha. Neste país, o proprietário paga uma licença vitalícia pelo animal, cujos montantes suportam uma espécie de sistema público de saúde para os animais. Rodrigues defende a realização de protocolos entre as clínicas veterinárias, autarquias e associações de defesa de animais, que permitisse às pessoas com menos posses esterilizar os seus animais.

(in Público).

Não afoguem a memória.





Associação sugere museu e visitas guiadas para recuperar farol do Bugio
A criação de um museu e a organização de visitas guiadas no Verão podem ser a solução para a recuperação do “degradado” farol do Bugio, espaço com mais de 400 anos de história, defende a Associação Espaço e Memória, Oeiras.
As últimas obras de recuperação aconteceram há dez anos (Foto: PÚBLICO (arquivo))

Numa visita guiada ao Bugio, organizada pela associação mediante autorização da Direcção-geral de Faróis (DGF), é possível ver brechas na estrutura, antigos instrumentos ferrugentos e esquecidos, e entulho acumulado naquilo que eram, antigamente, as casas dos faroleiros e na capela do Farol.

“O que justifica a existência do Bugio não está lá como demonstrativo a quem o visite, porque enquanto espaço de fortificação é preciso puxar muito pela imaginação para compreender o que se lá passava, e enquanto farol já não tem faroleiros, nem está lá o que fazia parte do seu quotidiano: as casas, os geradores, as comunicações”, descreveu o presidente da Associação Espaço e Memória, Joaquim Boiça.

É neste sentido que esta associação organiza as viagens ao Bugio: para que “o que está longe da vista não esteja longe do coração”. “É uma tentativa de sensibilização: é necessário intervir para que o estado de degradação não se acentue. Mas também é necessário intervir para dar àquele espaço as condições minimamente dignas para que o próprio seja ilustrador da memória do que foi”, disse Joaquim Boiça.

Filho, neto e bisneto de faroleiros, Joaquim Boiça acredita que o Bugio “poderia ser, com a boa vontade de algumas instituições [o espaço é gerido pela DGF e pelo Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico - IGESPAR], um dos espaços mais emblemáticos para visitar na cidade de Lisboa”.

A associação acredita que “nos meses de Primavera e Verão seria possível organizar visitas - com o alto patrocínio da DGF - de modo a dinamizar aquele espaço, dar a conhecer e preservar a parte das memórias que ainda lá estão, sobretudo na zona da capela”.

Além disso, Joaquim Boiça defende que seria “interessante” criar “uma museografia diferente para aquele espaço, pensada para acolher exposições sazonais”.

No entanto, o historiador lembra que, há dez anos, quando aquele farol foi alvo de obras de recuperação pela última vez, “o processo foi complicado”. “Foi necessário sentar à mesa cerca de 20 instituições para recuperar o farol, que ameaçava ruir. Isto diz muito da nossa burocracia. E depois temos a questão financeira: há por aí tanto património por recuperar”, lamentou o presidente da Associação Espaço e Memória.

Joaquim Boiça afirma que, no entanto, tem sido “abordado por muitos visitantes do Bugio que depois de confrontados com a realidade do farol sugerem a criação de uma Liga de Amigos do Bugio, para o valorizar e divulgar”.

“A recuperação de património envolve processos complicados, mas às vezes nasce assim, da iniciativa das pessoas”, disse.

Pensado e construído para defender a entrada de Lisboa, o Forte do Bugio ficou concluído em 1657, depois de quase 70 anos de obras de construção. Desde cedo começa a servir também de farol, albergando faroleiros até ao final da década de 1980.

(in Público).

Música e cultura de Verão.

A silly season está longe de acabar. Descobrimos a música de Verão favorita de Jorge Couto e de Gabriela Canavilhas.
Eduardo Mourato é um ícone em Rabo de Peixe, Ponta Delgada, Rosto de Cão e também no Pico da Vara.
O actual director da Biblioteca Nacional, que prepara há mais de 20 anos o seu Doutoramento na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, é um dos seus grandes admiradores. Nunca dispensa uma música do grande Mourato nos momentos de inspiração. Dizem as más línguas que o artista estará presente na festa de encerramento da sala de leitura geral da BN, no próximo mês de Novembro.
Também Gabriela Canavilhas há muito que trocou Schubert por Eduardo Mourato, pois segundo a mesma «a cultura é um desígnio particular deste governo» e ela própria uma melómana.
Já Luís Capucha tem especial predilecção por Júlio Miguel e Lêninha. Depois de terem passado pelas «Novas Oportunidades» os fadistas infantes irão frequentar o Conservatório de Lisboa a partir deste Outono. Júlio Miguel afirmou ao Lisboa SOS que estava a preparar uma tese sobre Olivier Messiaen e Jean-Luc Godard.
Alexandre Melo, a primeira vez que ouviu Eduardo Mourato afirmou: «tudo isto é lindo, tudo isto é arte». Embora se diga que o famoso crítico de arte prefira Élvio Santiago.
José Sócrates, por sua vez, considera Mourato superior a Graciano Saga, uma afirmação discutível e que só pode ser compreendida à luz da teoria da hipermodernidade de Gilles Lipovetsky.


domingo, 29 de agosto de 2010

Só carteiristas são mil.



Os "carteiros" clássicos têm mais de 50 anos. Chegam a 'limpar' mil euros por dia. A reforma das leis penais tornou-lhes a vida mais fácil: o crime vai até cinco anos e não prevê prisão preventiva.

Praça da Figueira, Lisboa, 18.00. Uma tarde perfeita de Verão numa praça que é o coração da capital portuguesa, cheia de turistas. Encostados a uma parede estão três dos mais antigos carteiristas de Lisboa . "Já ganharam o dia", comenta um polícia. As autoridades chamam-lhes "carteiros" e sabem bem quem eles são: na Grande Lisboa, nos últimos cinco anos, foram identificados 1010 carteiristas, cem são mulheres.

Os "carteiros" clássicos da capital têm mais de 50 anos e andam na actividade há décadas. A reforma penal de 2007 facilitou-lhes a vida porque a moldura penal do furto por carteirismo vai até cinco anos de prisão, o que já não permite a aplicação da prisão preventiva. A alternativa à pena de prisão, neste crime, é a pena de multa até 600 dias. A impunidade do crime não deixa de estar associada à diminuição do número de queixas em todo o País.

Entre 21 de Junho e 15 de Agosto deste ano registaram-se 778 participações por furto de carteira no distrito de Lisboa, menos 213 do que em igual período do ano passado.

Actua com a família toda

O mais "habilidoso" dos "carteiros" de Lisboa também costuma frequentar o Rossio e a Praça da Figueira, nas pausas para almoço e final do dia. "Zé do Porto", na casa dos 50 anos, recebeu a alcunha da sua cidade natal. Actua em grupo, com a mulher, uma ex-prostituta de Lisboa, o filho de 22 anos, um irmão, e agora até o neto bebé que o grupo leva de carrinho para os eléctricos 15 e 28, os mais visados pelos carteiristas.

O "Zé do Porto" foi detido pela última vez em flagrante delito no passado dia 8, depois de furtar a carteira a um turista que desatou aos gritos, no eléctrico 15, em Alcântara. Segundo apurou o DN com fontes policiais, aquando do incidente, a mulher de Zé do Porto fugiu e ele acabou detido pela PSP na companhia de um irmão e de um cúmplice, também detidos. O valor furtado era de 350 euros. Presente ao tribunal de Pequena Instância Criminal, ficou apenas constituído arguido com Termo de Identidade e Residência (TIR).

Nos últimos dois anos, o famoso "carteiro" foi detido em flagrante delito pela PSP cinco vezes, sempre na companhia da mulher e de outros elementos do grupo. Nos 20 anos que já leva a "limpar" carteiras, só cumpriu pena efectiva de prisão uma vez - esteve "dentro" oito anos.

Investigação difícil

Na PSP de Lisboa, os agentes que melhor conhecem a actividade dos carteiristas são os da brigada de investigação criminal da Divisão de Segurança e Transportes Públicos. A investigação deste crime, que só permite detenção em flagrante delito, é feita na rua, seguindo os movimentos dos carteiristas nos eléctricos, autocarros e metro, mas também com recolha de prova através do visionamento das cassetes de vídeovigilância dos transportes públicos (eléctricos, autocarros e metro).

Muitos dos carteiristas de Lisboa migram no Verão para o Algarve, para a peregrinação do 13 de Agosto em Fátima e para o Sul de Espanha, adiantou ao DN fonte policial. Cinco carteiristas foram identificados pela GNR, em Fátima, durante o 13 de Agosto.

Do ponto de vista da investigação, os que têm dado mais trabalho à PSP são os bandos de carteiristas do Leste europeu, sobretudo romenos, que actuam em grupos de cinco ou seis distribuídos pelos eléctricos 15 ou 28 ou pelos autocarros. Segundo adianta fonte policial, os romenos instalaram-se no ramo por altura do Campeonato Europeu de Futebol, que decorreu em Lisboa em 2004, e aprenderam uns truques com os velhos mestres lisboetas.

O modus operandi é muito similar aos clássicos: um deles provoca uma manobra de diversão como um empurrão casual à vítima e faz "tampão" para o outro levar a carteira sem ninguém se aperceber. A carteira depois passa de mão em mão até que um dos membros do bando sai, impune, do eléctrico. Também há carteiristas portugueses a trabalhar com romenos, segundo apurámos com fontes policiais.

Muitas vezes os "carteiros" nem se dão ao trabalho de fazer a investida no interior do eléctrico. Põem--se na fila e atacam a vítima aí, depois do clássico "empurrão". Um dos pontos de ataque é o Elevador da Glória, que sobe dos Restauradores ao Príncipe Real. Outro é o muito visitado Elevador de Santa Justa, onde a PSP até já teve de colocar agentes em serviço gratificado dada a afluência de carteiristas. E, para os golpes no interior de transportes, os mais utilizados são o eléctrico 28, que percorre quase toda a Lisboa antiga, e o eléctrico 15, que vai até Algés.

Os carteiristas só arriscam ficar em prisão preventiva e cumprir uma pena que pode ir até oito anos por furto qualificado se se provar que o detido é "membro de bando destinado à prática reiterada de crimes contra o património", segundo o artigo 204.º do Código Penal. Se a "coisa furtada for de diminuto valor, "não há qualificação do crime e a pena nunca será superior a cinco anos. E o "diminuto valor" da carteira abrange a maior parte dos casos, pois é um valor que seja inferior a cem euros.

Lucros avultados

Os lucros diários de um carteirista podem chegar aos mil. Com sorte, dois mil euros, como um já contou à polícia. Varia consoante o número de investidas. Os "carteiros" clássicos gastam quase tudo o que ganham na batota, nos casinos e na bebida. Os mais novos gastam os lucros sobretudo na droga.

É na Praça da Figueira que se costumam encontrar e almoçar. Nas traseiras da Praça da Figueira, no Rossio, há uma nova geração de ladrões a actuar, os magrebinos, que furtam carteiras aos turistas sentados na esplanada da Pastelaria Suíça, segundo apurámos com fonte policial. Todos se respeitam e têm o seu "território".

O Rossio já foi centro da espionagem e dos exilados europeus durante a II Guerra Mundial. Os mil olhos da praça lisboeta seguem agora outros movimentos. E nós, incautos, nem reparamos.

(Diário de Notícias).

Reverse Graffiti: porque não?



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Um novo estilo de grafite vem ganhando diversas capitais do mundo ao trocar as latas de tinta por lenços, buchas, água e sabão. É o Reverse Graffiti (Grafite Inverso, em tradução própria), que leva os grafiteiros a limparem paredes e espaços públicos para criar diversas imagens que lembram o quão poluído é o ambiente em que vivemos.

A técnica não tem muito mistério. Esponjas, jatos de água e espátulas ajudam a raspar a sujeira incrustada nas paredes, grades e muros das grandes (e poluídas) metrópoles. Em alguns casos, molduras de madeira ajudam a criar formas e reforçar o contraste que a água deixa nos lugares cobertos de fuligem.

Idealizador e pioneiro na técnica, o artista e grafiteiro americano Paulo Curtis, o "Moose", diz que às vezes sente dificuldade em explicar às pessoas o que faz. “Eu digo às pessoas que eu faço arte através da limpeza”, conta.

Para ele, mais do que apenas embelezar os locais públicos, suas instalações têm o poder de chamar a atenção da população de uma forma especial. “Mostrar o quanto uma parede está suja limpando-a atrai as pessoas imediatamente. É como uma compreensão fria de que o mundo está realmente sujo”, diz.

Munido de lenços, água e escovões, os grafiteiros criam obras a partir da sujeira.

“Não há crime em limpar”

Outra vantagem do Reverse Graffiti é a liberdade que os artistas têm de “grafitarem” muros e paredes inteiras sem medo de repreensão, afinal, pixar é crime, mas limpar não.

"Essa é a beleza do projeto”, afirma o grafiteiro africano e adepto do Reverse Graffiti, Martin Pace. “Alguns caras da polícia já nos pararam no meio do dia e perguntaram se nós estávamos sendo pagos para fazermos os grafites. Quando dissemos que não, eles mostraram o polegar para cima e disseram para continuarmos pintando”, conta.

Quem não teve tanta sorte foi o brasileiro Alexandre Orion. Após limpar as grades da passagem subterrânea entre a avenida Europa e a avenida Cidade Jardim, criando uma imagem de caveiras ao longo de todo o túnel, ele viu sua obra ser destruída pela prefeitura, que ordenou a limpeza do local logo após o fim da ação.

"Durante a madrugada que trabalhei na 'limpeza' o túnel, foram várias as abordagens policiais. Porém, como previsto, ninguém podia me impedir de desenhar caveiras no túnel. Não havia crime em 'limpar'. O crime era ambiental: poluição para ninguém botar defeito. Só existia uma forma de impedir a 'limpeza' a minha maneira, limpando também", conclui.

http://www.ecodesenvolvimento.org.br/noticias/reverse-graffiti-a-arte-de-limpar-as-ruas

Postais do Porto: as férias do Lisboa SOS.

Estivemos em viagem. Alguns dias no Norte entre Guimarães, Vila do Conde e o Porto. Mas, infelizmente, o país urbano muda pouco se olhado de perto. É verdade que a arquitectura média é genericamente melhor do Douro para cima. Não vimos nenhum arquitecto confundir a decoração de um bolo com a construção de uma igreja, como sucede no Alto do Restelo. Afinal todos pensávamos que pastelaria era uma coisa e arquitectura outra. Há também menos tiques revivalistas e arremedos pós-modernos nos edifícios, o que é um consolo para os olhos. Contudo, três constantes são quase intoleráveis: o desordenamento do território, o mau estado do património, e a presença de toxicodependentes a ocupar de forma ostensiva o espaço público. No Porto têm a encosta do Bairro da Sé só para eles. É uma autêntica catástrofe social, humana e, igualmente, um caso de polícia. Imaginem que aqui em Lisboa o antigo Casal Ventoso ficava entre a Rua da Madalena e a Sé, com todo um cortejo de miséria que não vemos hoje, sequer, na zona do Intendente.
O Porto precisa urgentemente de reabilitação e de um plano social. São muitas décadas de más políticas urbanas. O centro da cidade tem tanta falta habitantes como a Baixa de Lisboa. E mais do que tudo é preciso abrir o centro a outras classes sociais: a pobreza entra pelos olhos. A fractura entre a Foz e Miragaia ou a Sé não é digna de um país decente. Só em Nápoles encontrámos uma realidade semelhante. O casario dos Guindais lembra o falecido Casal Ventoso, de Lisboa. É quase uma favela pendurada na encosta, dada a extraordinária degradação dos edifícios. O caos urbano de Gaia faz-nos perguntar porque é que aquele município está tão endividado quando deve ter ganho muitos milhões só em licenças de construção.
No entanto, a cidade é magnífica. O Douro é magnífico. Até o «Portónico» que nos ajudou a combater o calor era magnífico. Tudo podia sê-lo ainda mais se não fossem as centenas de prédios devolutos, muitos em ruína, os graffitis e tags, a presença constante dos irritantes discos que as empresas que telecomunicações plantaram nas nossas cidades, a falta de habitantes, ou a catástrofe social que é a encosta do bairro da Sé e certas zonas de Miragaia (repetimos para que ninguém se esqueça).
Raras vezes tivemos medo em fotografar, mas no Bairro da Sé nem nos atravemos a sacar da máquina. Parecia uma versão pior do Quartieri Spagnolo napolitano. A subida para o Colégio de São Lourenço metia medo, tal como a passagem na Viela do Anjo ou na Rua do Pelames. E estes são apenas alguns dos nomes de ruas que agora, de repente, nos recordamos.
As fotos que seguem abaixo foram tiradas na Torre dos Clérigos.


































Professor José Cid.



- Estou à procura de um livro, o Assim Falava Zaratruta

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Bairro Alto: a saga continua.





In Diário de Notícias (26/8/2010)


«As principais ruas do Bairro Alto, em Lisboa, já estão limpas de graffiti, mas nas ruas transversais há ainda muitas fachadas pintadas, que escaparam às brigadas criadas pela câmara para manter a limpeza das paredes.

As ruas de D. Pedro V, de São Pedro de Alcântara e da Rosa, por exemplo, já estão limpas de graffiti, de tags (inscrições) e de cartazes colocados abusivamente, mas o mesmo não se passa em ruas perpendiculares e travessas da zona, como a do Conde de Soure, a Rua da Atalaia ou o próprio mercado municipal do Bairro Alto.

Fonte da Câmara Municipal de Lisboa (CML) realçou à Lusa que já se realizou um trabalho de limpeza de graffiti, de tags e de cartazes "em 15 ruas, num total de 363 edifícios", com o "objectivo de inverter a imagem de degradação urbana instalada", prevendo-se que em breve "serão instalados equipamentos que possibilitem a afixação de cartazes de forma legal e regrada".

A área de intervenção, segundo a CML, está compreendida a norte pela Rua D. Pedro V e a sul pela Rua do Loreto, a nascente pelas ruas da Misericórdia e de S. Pedro de Alcântara e a poente pela Rua da Rosa, mas o objectivo é estender a operação de limpeza e manutenção à zona sul do bairro.

A autarquia pretende intervir, "nos próximos tempos, em mais 18 ruas, num total de 156 edifícios, nomeadamente entre as travessas da Queimada e de S. Pedro, assim como no Largo do Calhariz, entre outras.»

Instantâneos quotidianos: desperdiçar património.

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«Estacionamento dificulta visitas a núcleo arqueológico do Castelo» (Jornal de Notícias)
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Média diária de visitas ao Castelo: 4.000. Ao núcleo arqueológico: 200.

100 cidades contra a barbárie: Lisboa participa!



http://notonemoreexecution.org/100-cities-against-stoning/

Uma boa notícia: vinda da Escócia...

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Lisbon is the new New York - and not because the shopping is better
By SHÂN ROSS
SCOTS planning city breaks should forget established destinations such as New York and look to less well-known alternatives such as Lisbon instead, according to a survey released today.
New York's status as the destination of choice for holidaymakers heading for big name boutiques on Fifth Avenue, hunting out cheap Levis or iPods, or going on Sex and the City tours appears to be coming to an end.

In a ranking of 20 cities worldwide based on a range of priorities including value for money and cost of accommodation, travellers placed the Big Apple at a lowly 17. The Portuguese capital came out top.

Tourism experts cited the eight-hour flight to New York, invasive security checks and the current lack of cash for conspicuous consumption for the city's loss of allure.

By contrast Lisbon, a two-hour flight away, with its year-long festivals, art galleries and newly opened Design and Fashion Museum (Mude), is seen as an "undiscovered" destination with some of the cheapest everyday living costs.

Research for Kelkoo, the online shopping comparison site, showed that affordability was the key factor, followed by security, weather and good food for 2,300 adults surveyed by YouGov.

Bruce Fair, managing director of Kelkoo UK, said: "Sexy cities such as New York will always appeal to the UK traveller. However, with the economic landscape still uncertain, consumers are reluctant to dig deeper into their pockets to pay for long-haul flights for short weekend breaks. Instead, many travellers may now be focusing on European cities such as Lisbon for that perfect city escape.
"While Lisbon may not be renowned for the romance of Paris or the glamour of New York, it appears to fit the bill most closely when it comes to delivering against the criteria that matter most to today's holidaymakers - value for money, great climate and security."

Professor Paul Freathy of Stirling University's Institute of Retail Studies said people working increasingly long hours wanted to reach their city break destinations as quickly as possible.

He said: "One of the main factors why a city like Lisbon rises up the rankings so suddenly is accessibility. From a city-break point of view, operators are also trying to identify somewhere relatively unexplored.

"Lisbon is a short-haul flight and easy to get to and you don't spend almost the whole day travelling and suffering from jet lag as you would with New York.

That's before you factor in all the stress of getting through customs in the States with long queues, intrusive questions and having your fingerprints taken."

Prof Freathy added: "The global recession has also badly hit (New York's] main marketing campaign as the city for designer weekend shopping breaks.

"Its been positioned as the place to buy designer clothes but now one of its main raisons d'être such as Sex and the City-style shopping sprees and conspicuous consumption are apparently not the done thing. Even those with money are not so keen to display the designer labels as they did before."

http://living.scotsman.com/travel/Lisbon-is-the-new-New.6492393.jp?articlepage=2




quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Arte é quando um artista quiser.



Pedro Cabrita Reis

De tempos a tempos..., 2010.

Tijolo e cimento / Brick and concrete
Cortesia do artista.





Pedro Croft

Sem tempo nada se faz..., 2010.

Cimento / concreto
Cortesia do artista.





Rui Chafes

Vou para ali..., 2010

Ferro pintado / Painted Iron

Cortesia do artista

Agosto em Lisboa

Piscina Infantil do Parque Recreativo de Alvito




Em 2008 CidadaniaLX denunciava assim:
«A Piscina Municipal do Alvito, situada na freguesia de Alcântara, em Lisboa, encontra-se encerrada e nunca chegou a abrir ao público. A obra foi feita em terrenos privados, pertencentes ao Atlético Clube de Portugal, e segundo adiantou ao PÚBLICO o presidente adjunto do clube, Almeida Antunes, a piscina está construída "há cerca de sete, oito meses", não tendo sido aberta até à data "devido a dificuldades com a Câmara Municipal de Lisboa [CML]". Almeida Antunes manifesta-se "revoltado por ver o equipamento encerrado, ao mesmo tempo que lamenta a degradação de um espaço pelo qual o clube tanto lutou, não só para beneficiar a zona de influência da agremiação desportiva, mas também por constituir um bem público para a cidade". Segundo a Câmara Municipal de Lisboa, o facto de a piscina se encontrar encerrada "deve-se a um problema de acessos que não está resolvido, uma vez que a piscina foi construída parcialmente em terrenos particulares, pertencentes ao Atlético Clube de Portugal". "Actualmente, o acesso só pode ser efectuado por terrenos daquele proprietário", explica a autarquia.Prometida ao AtléticoAlmeida Antunes explicou que a ideia de construir aquele equipamento desportivo surgiu por parte do clube, que "queria apenas uma pequena piscina, à medida da dimensão do clube". Porém, acrescenta o dirigente, "na época, o presidente da câmara, Santana Lopes, decidiu que no local iria ser construída uma piscina que seria entregue à gestão do Atlético". O responsável recorda também que naquela altura o sua colectividade "teve de suportar uma série de investimentos que até agora não viu reembolsados." Inclusivamente, para permitir a sua construção "foi demolida a casa de uma senhora que se encontrava acamada e a quem tivemos que assegurar acolhimento", explicou Almeida Antunes.Do mesmo modo, refere, "foram pagos 15 mil euros à divisão dos espaços verdes da CML para que a entrada ali fosse colocada", assim como foi necessário proceder à demolição de uma bancada do clube que deveria ter sido recontruída pela autarquia". Almeida Antunes considera a questão "delicada", pois diz que a câmara não cumpriu".Protocolo em preparaçãoNeste momento, a câmara estará a preparar "um protocolo de cedência do espaço ao clube", adiantou o dirigente do Atlético Clube de Portugal. Esta indicação é também confirmada pelo presidente do clube e director municipal da CML, Ângelo Mesquita, que afirmou ao PÚBLICO estar a autarquia "a preparar o protocolo para que a piscina abra o mais rápido possivel". E diz-se conhecedor "da vontade do vice-presidente da câmara e vereador do Desporto, Marcos Perestrello, de avançar urgentemente com o processo". Todavia, Ângelo Mesquita confirma a existência de "um problema de acessibilidades devido a obstáculos, mas que deverá ser reduzido". José Godinho, presidente da Junta de Freguesia de Alcântara, revela-se "desconhecedor da situação real" e confirma apenas a existência de "um problema com os terrenos". O autarca queixa-se de "falta de informação" por parte do vereador que detém o pelouro do Desporto e por parte da autarquia", pois, segundo afirma, "nunca nada nos comunicou" acerca da situação. A vereadora do PCP Rita Magrinho confirmou ao PÚBLICO a existência de "problemas na construção e na empreitada" deste equipamento, mas lamentou o facto de "não haver discussão em torno destas questões na autarquia". » . Dois anos depois está tudo na mesma. Obrigado ó Costa, nunca mais te esqueceremos...

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Um projecto para a Calçada de Carriche.

Calçada de Carriche, à saída norte de Lisboa. Era uma calçada. Por ela “subia e descia” a Luísa do António Gedeão. Agora é uma artéria por onde fluem milhares de veículos por dia (já foram mais, antes da conclusão do Norte-Sul). Vejam uma perspectiva da actual “calçada”, tirada de sul para norte. Reparem nos prédios lá ao fundo.



Formam um conjunto urbanístico de duas ruas: Cidade de Tomar e Quinta das Lavadeiras. Visto de mais de perto, os prédios parecem em equilíbrio precário aos olhos dos que circulam em baixo, encimando uma encosta cheia de canas e outdoors, como se vê na foto seguinte.



As canas têm uma função. Evitam a erosão do solo e, sem elas, segundo os técnicos da CML, poderiam ocorrer aluimentos. Por isso há cortes regulares nas bermas mas não se mexe no interior do canavial. No meio dele há lixo que, naturalmente, ninguém pode apanhar e o mato, quando seco, arde com facilidade. Portanto a encosta, tal como está, tem riscos de aluimento, de fogo e é um local sujo.



A encosta estende-se pela vizinha Estrada da Circunvalação por mais uns 100 metros. É um espaço interessante para um projecto de arquitectura paisagística em pequena escala. A requalificação do local, incluindo as acessibilidades e outros melhoramentos, também necessários lá nas ruas de cima e de que não falo aqui por razões de espaço, para além dos benefícios para os moradores (sou parte interessada) embelezaria esta porta de Lisboa para os que entram e saem da cidade.

Já fiz essa sugestão à CML, sem sucesso. E propus um projecto ao Orçamento Participativo para 2010 que foi seleccionado e orçamentado, mas que, infelizmente, não teve votos suficientes. Vou continuar a tentar, tenho alguma esperança de que o interesse deste projecto seja reconhecido. Entretanto deixo este apontamento para partilhar a ideia com os leitores deste blog.

Jorge Abrantes