sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Boa!







Câmara ordena remoção de reclamo ilegal
Por José António Cerejo in Público

A Câmara de Lisboa ordenou a remoção do reclamo montado há dois anos em cima do Hotel Vintage, na zona de protecção do Jardim Botânico, em violação do projecto aprovado. Simultaneamente foi aberto um inquérito disciplinar aos fiscais camarários que, em Agosto, assinaram uma informação onde afirmam que o dispositivo respeita o projecto.
De acordo com o porta-voz do vereador Sá Fernandes, João Camolas, a decisão foi tomada há dias, na sequência de uma averiguação aberta após a divulgação pelo PÚBLICO, no fim do mês passado, das condições em que o reclamo foi instalado ao alto da Rua do Salitre. Segundo a mesma fonte, foi também determinada a instauração de um processo de contra-ordenação contra a Sycamore, a empresa proprietária do hotel, por desrespeito da licença.
O projecto aprovado pelo município em Novembro de 2010, apesar de o Igespar o ter chumbado, previa um reclamo bastante mais pequeno e não rotativo. Aquele que lá está, porém, é um outro, rotativo e com 3,5 metros de altura, que tinha sido montado ilegalmente um ano antes. A Sycamore, do grupo Carlos Saraiva, tem como vice-presidente Margarida Magalhães, que foi vereadora do Urbanismo quando João Soares era presidente da câmara.

Morte lenta.







Bairro Alto
Redução de horário de mercearias arrasta mais 30 lojas


Tiago Achega, proprietário de um clube de jazz no Bairro Alto, em Lisboa, não se conforma: são já três as notificações que recebeu, desde dia 8 para encerrar o estabelecimento às 20.00 e não às 02.00, conforme foi inicialmente autorizado pela Câmara Municipal de Lisboa (CML).

Em causa está um despacho datado de 16 de Novembro, assinado pelo presidente da autarquia, António Costa, que limita o horário das lojas do grupo I e que pretende terminar com a venda de bebidas alcoólicas, como as "litrosas" (garrafas de litro de cerveja), para rua. A lei mudou depois da polémica causada pelas lojas de conveniência mas afecta cerca de 30 estabelecimentos como o Clube Santa Clara.


(in Diário de Notícias)

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O Livro de Prósperio. Uma história extraordinária.

Não faz mal se bater num agente da PSP... desde que seja com jeitinho



Por Rosa Ramos, publicado em 26 Nov 2011 - 13:05


Prospério entrou no tribunal acusado de dois crimes, mas saiu condenado só por um. Pode ter empurrado uns polícias, mas a juíza acha que foi sem “grande força”
As bebedeiras têm destas coisas difíceis de imaginar. Prospério é profissional de seguros, ganha quase 1500 euros por mês, vive com a filha de 15 anos, nunca se mete em complicações e até é um homem honesto. Quem o vê agora assim, diante da juíza – bem penteado, fato e gravata, sapato italiano bem engraxado, voz grave, figura esguia e ar sensato –, dificilmente consegue imaginar o sarilho em que se meteu há duas noites. Mas já se sabe que nunca se sabe do que um homem é capaz depois de andar metido nos copos.
Ia o Prospério na sua viatura de luxo em Lisboa quando foi mandado parar pela polícia numa operação STOP de rotina. Nada indiciava que alguma coisa de errado se passasse com o condutor. Aliás, os agentes até lhe elogiam a condução: “Ia ali direitinho, ninguém adivinhava, sotôra juíza.” Assim que a polícia o mandou parar, Prospério abriu a porta do carro à patrão. E a primeira coisa que fez, assim que se achou no exterior, a cambalear, foi pôr ordem nos agentes e deixar as coisas bem claras: “A mim ninguém me põe a mão, ó bófias.”
“‘Tá bém, ‘tá bem, mas o senhor vai ter de fazer o teste do álcool”, respondeu-lhe um dos agentes. Prospério negou-se. “Porque a minha cunhada morreu há duas semanas e eu não fiz nada de mal, só estou a dar apoio ao meu irmão.” A justificação deixou os agentes a matutar: afinal o homem estava sozinho, não havia sinal de nenhum irmão e muito menos de qualquer defunta. “Tudo bem, mas agora o senhor tem mesmo de soprar no balão”, devolve o polícia, em tom quase paternal. Prospério não vai de modas e dá-lhe dois empurrões. O PSP avisa: mais um e vai dentro. E é então que o homem, roxo de raiva, vai a cambalear até ao carro da polícia e desata aos pontapés e aos murros às rodas. Os agentes ficam a olhar para aquilo, perplexos, sem saberem o que fazer perante o homem enfurecido a descarregar uma bateria de raiva num carro inofensivo. “É melhor agarrarmos o tipo, que ainda parte os dedos com tanto pontapé”, dizem os agentes enquanto o homem continua concentradíssimo a espancar a viatura. Agarram--no, todo ele esbracejante. “Você deu-me com o cacetete, mas eu tenho muitos amigos na bófia”, continua a gritar. Minutos depois, Prospério faz o teste do álcool. E é nesta parte da história que o profissional de seguros se torna num verdadeiro herói, digno de entrar no Guiness: o alcoolímetro acusou uma taxa de 3,17 g/l.
Agora, no tribunal, Prospério diz que não se lembra “bem” dos factos. Recorda-se de qualquer coisinha, não sabe bem do quê. Também se lembra de ter dito qualquer coisa, agora o quê é que é mais difícil. Foi acusado de dois crimes: condução em estado de embriaguez e resistência e coacção sob funcionário – que é como quem diz resistência à “bófia”.
O que vale é que, aparentemente, hoje é o dia de sorte do Prospério. A juíza está determinada a absolvê-lo do segundo crime. “Porque estava embriagado, porque as palavras que proferiu não causaram medo aos agentes e porque não está provado que dos empurrões tenha resultado uma ofensa no corpo do ofendido”, explica a meritíssima juíza.
O agente da PSP bem pode ter explicado que foram dois empurrões “à séria” e o companheiro de operações até pode ter acrescentado que chegou a levar um pontapé enquanto tentava imobilizar o arguido, imensamente concentrado em espancar-lhes a viatura. Mas a juíza considera que os empurrões “nem sempre podem ser qualificados como agressão”. E que, neste caso, foi “sem grande força”, dado que os agentes não se magoaram. Lá está. Não faz mal bater num agente da PSP. O que é preciso é que seja com jeitinho e que ninguém se magoe.
De qualquer forma, Prospério não se livra da condenação por conduzir bêbedo. “O senhor apresentou uma taxa de álcool pouco frequente por aqui e olhe que nos aparecem destes crimes todos os dias”, admite a juíza. “Mas vamos esperar que isto seja um episódio isolado na sua vida”, acrescenta. Como o homem até nem tem antecedentes, o tribunal dá o assunto por encerrado. Prospério volta para casa, certamente mais aliviado, com uma multa de 720 euros e a proibição de voltar a tocar num carro durante cinco meses. O Prospério que se mantenha, então, longe de viaturas: seja para as conduzir seja para as esbofetear.


(in jornal «i»).

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Ministra quer devolução. Da prisão.








Justiça deve dez milhões por não ter desocupado cadeia de Lisboa
27 Dezembro 2011


Jornal de Negócios



Renda do estabelecimento prisional é de 220 mil euros por mês, valor que o Ministério não tem conseguido pagar a uma empresa pública.
O Ministério da Justiça devia em Novembro 9,8 milhões de euros à empresa pública, do universo da Parpública, à qual vendeu o Estabelecimento Prisional de Lisboa em 2006, noticia hoje o “Público”.

A dívida deve-se ao facto de a prisão não ter sido desocupada: a renda mensal é de 220 mil euros, valor que o Ministério não tem conseguido pagar e que já levou a que o Estado fosse condenado em 2008 a pagar uma multa de 3,1 milhões de euros.

A ministra Paula Teixeira da Cruz (na foto) diz que quer reaver essa prisão, que devia ter sido substituída por uma outra que ainda não existe, assim como o Tribunal da Boa Hora, que foi cedido à Câmara Municipal de Lisboa.

(in Jornal de Negócios).

Chanucá em Lisboa.








'Chanucá’: Celebração foi realizada, pela primeira vez, no parque Eduardo VII, com o apoio da autarquia

Festa judaica em Lisboa
Mais de meia centena de membros da comunidade israelita reuniram-se ontem no Parque Eduardo VII, em Lisboa, para, pela primeira vez, comemorarem publicamente o ‘Chanucá’, ou Festa das Luzes.

Por:Joana Nogueira




"A festa de ‘Chanucá’ [palavra hebraica que significa ‘dedicação’] dura oito dias e assinala a derrota das forças selêucidas que tentaram proibir Israel de praticar o judaísmo e o milagre do azeite, que queimou por oito dias no candelabro do Templo de Jerusalém", quando os macabeus rededicaram o Templo, revelou o rabino Eliezer Sahai Dimartino. Para Maria João Cardoso, designer de 55 anos, esta cerimónia "é um marco". "Durante muitos anos esta manifestação foi feita em privado. O facto de a Câmara permitir que se faça pela primeira vez num sítio privilegiado da capital é um grito de liberdade para os judeus".

A cerimónia contou com a presença da actriz Daniela Ruah, que reencontrou familiares e amigos. "O facto desta celebração ser feita publicamente significa para nós um bocadinho mais de união", revelou, acrescentando que, devido a compromissos profissionais no início de 2012, as miniférias deram "apenas para dar um beijo à família".

(in Correio da Manhã)

Impunidade.







Garrafa com líquido inflamável retirada de prédio que ardeu em Lisboa
Só os moradores de um dos prédios afectados podem voltar a casa
Paulo Lourenço

Moradores dos prédios afectados revoltados


Uma garrafa com um líquido inflamável, petróleo segundo os moradores, foi retirada, na manhã desta segunda-feira, dos escombros do prédio que, domingo de madrugada, ardeu por completo, na Avenida Elias Garcia, em Lisboa. O achado fez aumentar a revolta de quem ali vive.

Depois da madrugada agitada de Dia de Natal, em que os moradores dos números 77 e 79 foram obrigados a passar várias horas na rua, enquanto as chamas consumiam por completo o prédio vizinho, a vistoria técnica desta segunda-feira, levada a cabo por elementos da Protecção Civil, confirmou que apenas os primeiros podem regressar a casa.

Ainda assim, esta notícia não tranquilizou as 12 famílias que ocupam o prédio do número 77, que, voltam a insistir na tese de fogo posto. A garrafa de petróleo encontrada domingo, de pronto recolhida e guardada na viatura do Regimento de Sapadores Bombeiros, parrece dar força a esta tese.

"A nossa revolta não é só com o que se passou ontem, a nossa revolta tem a ver com os meses que esta situação se arrastou", disse, ao JN, Nuno Ramalho, que mora Rés do Chão Esquerdo.

Acrescentou ainda que os condóminos vão agora exigir responsabilidades. "Não podemos estar um ano inteiro à espera que um idiota venha aqui pegar fogo", justificou.

A revolta dos moradores prende-se com o facto de o incêndio de domingo ter sido o terceiro caso idêntico, embora desta vez com consequências mais graves. Há por isso quem recorde que, também nos casos anteriores, houve indícios que aumentam a suspeição de mãos criminosas na origem das chamas. "Da segunda vez foram encontradas bilhas de gás cheias no interior do prédio devoluto", recordou António Pontes, do 1.º Dt.

Os moradores estão ainda preocupados pelo facto de, apesar de poderem regressar a casa, não ser garantida a segurança para o prédio que ardeu, a partir do qual, dizem, "qualquer pode ter acesso às nossas casas"

A vistoria da Protecção Civil concluiu, por outro lado, que os moradores do número 79, não poderão, para já, regressar a casa. "Fomos todos despejados", desabafou ao JN, Fernando Domingues, um dos afectados, enquanto transportava alguns dos seu haveres para casa de familiares, onde se irá instalar nos próximos tempos.

(in Jornal de Notícias)

As luzes da Península Ibérica vistas do espaço.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Re-inventa-te.



Como vender um produto (cultural).







Los Juegos Olímpicos de Shakespeare
Londres acoge un ambicioso proyecto sin precedentes: la representación de las 37 obras del Bardo a cargo de compañías provenientes de otros tantos países
PATRICIA TUBELLA - Londres - 24/12/2011


Ser o no ser, Être, ou ne pas être, Sein oder Nichtsein... ¿Qué se pierde, pero sobre todo cuánto se gana, en la interpretación de la obra de William Shakespeare desde otras latitudes, servida por actores no ingleses en su idioma natal y nutridas de su propio acervo? Ni siquiera la imposibilidad de plasmar toda la riqueza de la lengua inglesa que entrañan las traducciones al español, francés, alemán o también al maorí supone un verdadero escollo. El Bardo es "el mejor poeta y escritor de todos los tiempos e, incluso cuando no puedes entender cada una de sus palabras, siempre puedes seguirlo a través de las emociones", subraya Tom Bird, responsable del festival Globe to Globe, un proyecto que congregará en Londres a 37 compañías internacionales -tantas como las piezas que firmó Shakespeare- para brindar su propia visión sobre el legado universal del inmenso dramaturgo.

Embajada española
William Shakespeare

A FONDO
Nacimiento: 23-04-1564Lugar:Stratford-upon-AvonLa noticia en otros webs
webs en español
en otros idiomas
La idea es subrayar la naturaleza del dramaturgo como icono global
El teatro The Globe, una réplica moderna de la sede donde Shakespeare (1564-1616) estrenó sus principales obras a orillas del Támesis, va a convertirse la próxima primavera en una torre de Babel.

Comediantes de orígenes tan diversos como Sudáfrica, las antípodas o China trasladarán a ese escenario inspirado en la Inglaterra isabelina sus originales versiones del universo shakespeariano. Los tiempos modernos procuran la ventaja de la rotulación con subtítulos cuando se trata de un Hamlet en lituano, El mercader de Venecia que habla hebreo o el Ricardo II recreado por una compañía palestina de Ramala. Y la mesura de los precios de las entradas (entre seis y 42 euros) contribuirá a esa celebración de la vocación multicultural de Londres que quiere destacar la cita olímpica de 2012.

"Shakespeare sigue atrayendo a gentes de todo el planeta, que aportan a su obra un prisma cultural, político y social diferente y enriquecedor", afirma Bird. El director del Globe to Globe destaca con especial orgullo la participación en esa iniciativa de una jovencísima nación, nacida tan solo el año pasado bajo el nombre de Sudán del Sur. Si Cimbelino relata la historia del rey bretón y su díscola hija Imogen, la producción de este drama que propone el país africano ha logrado integrar en la historia los traumas de medio siglo de guerra civil en tierras sudanesas.

También tienen su proyección los conflictos bélicos que arrasaron los Balcanes a finales del siglo XX. Porque las tres obras englobadas bajo el título Enrique VI corren a cargo de compañías de Serbia, Albania y Macedonia. El baile de los guerreros aborígenes de Nueva Zelanda que tan bien conocen los aficionados al rugby (la haka) compartirá espacio sobre las tablas del Globe con La Comedia de los Errores, de la mano de los artistas afganos de Roy-e-Sabs, en su primera incursión exterior desde la invasión del país. Y el teatro español aportará en mayo su pieza a ese caleidoscopio multinacional con la particular propuesta de la compañía madrileña Rakatá sobre la obra Enrique VIII.

A pesar de las constantes celebraciones de su figura, William Shakespeare sigue siendo objeto de toda suerte de teorías conspirativas que no creen posible cómo el hijo de un vulgar comerciante de provincias fue capaz de reflejar el mundo de la corte y sus pulsos políticos y humanos con una pluma tan excelsa. En vísperas del estreno del Globe to Globe, el cine acaba de recrear en la película Anonymus la hipótesis de que el autor de su producción fue en realidad su coetáneo Edward de Vere, conde de Oxford. "Es completamente ridículo. Shakespeare nació en Stratford-upon-Avon y escribió todas sus obras", zanja Bird sobre la eterna polémica que solo consigue reavivar el interés por el personaje.

La cascada de artículos de opinión que desató el estreno condujo a una conclusión. ¿Realmente importa si Shakespeare escribió sus obras o la vigencia de estas? De ella hay pruebas recurrentes. Recientemente se publicó una encuesta en Reino Unido sobre lo que sus ciudadanos consideran tesoros nacionales. El Bardo figura a la cabeza, por delante de la monarquía, la Union Jack o esa libra a la que siguen aferrados. De su carácter universal da fe, en palabras de Bird, "esa especie de milagro que lo convierte en un autor tan popular en todo el mundo". ¿La clave? "Creo que sus obras encarnan el examen más exhaustivo escrito nunca sobre la condición humana".
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NOTA LISBOA SOS: Todas as cidades europeias sabem «vender» (no bom sentido) os seus produtos culturais. O que Londres fez com Shakesperae, nós, à nossa pequena escala, podíamos fazer com Pessoa. Uma sessão de leitura em vários pontos da capital, com actores famosos, nacionais e estrangeiros. Mais vale investir MUITO num BOM PRODUTO do que gastar aos poucos e coisas apoucadas, como as macacadas pindéricas da Experimenta no Largo de Santos... pacoviamente designado por «Design District». Mas... uma casa onde viveu Pessoa, na Casal Ribeiro, foi demolida... agora, estão a construir de raiz e chamam-lhe, que lata!, «Edifício Pessoa». Quer dizer, para mandar abaixo a casa dele, tudo bem; para lhe chular o nome e o prestígio, vamos embora...

Filipe Pinto Soares.







Filipe Pinto Soares. O professor Pardal chegou às artes
Por Clara Silva,


Um assador de bebés, uma kalashnikov com os despojos do mundo depois da destruição dos homens ou uma bomba que planta árvores. Filipe Pinto Soares é o engenhocas dos artistas nacionais


No liceu, Filipe Pinto Soares era conhecido pelos colegas como o professor Pardal. “Desde pequeno que gosto de inventar coisas e modificar peças”, conta o artista de 37 anos. “Quando os meus pais me davam carros telecomandados e brinquedos do género, eu desmontava-os e criava o meu próprio porque não achava piada nenhuma aos originais. Era o engenhocas da família.”

Ser engenhocas sempre foi um hobby, até 2007, altura em que Filipe começou a levar isso mais a sério. “Estudei restauro, tirei Design [na St. Martin’s School of Art, em Londres, onde estudaram muitos artistas famosos, entre eles a cantora PJ Harvey, que lá tirou um curso de Escultura] e também Produção de Vídeo.” Foi quando começou a trabalhar como assistente do artista plástico português Miguel Palma que Filipe pensou que as suas invenções tecnológicas poderiam ter potencial artístico. “Achava que nunca podia levar esta faceta profissional muito a sério, mas o Miguel Palma convenceu-me de que tinha perfil de artista e não de assistente.”

Em vez de olhar para um quadro, Filipe diz que prefere objectos que se possam alterar. “Gosto de arte com movimento, objectos com interacção, que as pessoas possam ligar e desligar e mudar a cor. Por exemplo, se estão fartos de uma peça que tem a luz vermelha, podem pôr uma luz amarela... esse tipo de interactividade.”

No seu ateliê, Filipe começou a construir peças tão estranhas como um assador de frangos com bonecos de bebés, que até anda à roda e acende uma luz – ou uma AK-47 gigante com um campo verdejante lá dentro. “Quase todas as minhas peças funcionam”, diz Filipe. O “assador de bebés”, que na verdade se chama “Baby Boom”, está neste momento em exposição na galeria Art Lounge, em Lisboa. “Fiz essa peça há uns dois anos, quando o meu filho nasceu. Talvez seja a mais pessoal.” Na mesma galeria, onde Filipe terá uma exposição individual em Março ou Abril de 2012 (a data ainda não está confirmada), está também outra peça irónica. “Chama-se ‘Instant Island’ e é uma bomba com uma ilha lá dentro. A ideia é que quando uma pessoa a lance ao longo da costa ela dê origem a uma ilha.”

Aliás, as alusões às ameaças nucleares foram um dos temas principais de “Along The Way”, a exposição de Filipe Pinto Soares no Espaço Tranquilidade, em Lisboa, durante o ano passado. “Tree Bomb”, que também lá esteve, é uma cópia da bomba atómica de Hiroshima com uma árvore lá dentro. “A própria árvore tem a forma de cogumelo da explosão”, explica Filipe. “É uma bomba que em vez de destruir, cria.” Já a AK-47, chamada pelo artista de “AK Paradise”, é uma reprodução do mundo depois de ter sido destruído pelos homens e pelas armas. “É como se os humanos tivessem desaparecido. Só ficaram os animais, os carros e as armas.”

Outra das peças emblemáticas do artista esteve em exposição no centro comercial Braga Parque em Setembro e no centro de Braga, Barcelos e Vila Nova de Famalicão nos meses seguintes. “Eu, o Alexandre Farto [o artista Vhils], o [músico] Tiago Bettencourt e os StoryTailors fomos convidados para criar peças que representassem a juventude.” Filipe construiu uma grande maquete de uma montanha russa – “que representa a vida adulta” – e uma ilha suspensa, “a infância”. A peça demorou perto de três meses a fazer, já que grande parte dos objectos são encomendados da internet. “Muitos são de modelismo, como a relva. Mas o meu trabalho não é modelismo, procuro estes objectos porque duram muito tempo.”

Filipe pegou também no seu computador da adolescência, o ZX Spectrum e encheu-o de árvores. “[Spectrum Memories] representa as mudanças tão rápidas que acontecem na tecnologia. Até um veado já sabe como funciona.” Algumas destas peças estiveram na feira de arte contemporânea ARTE Lisboa e vão agora embarcar para a ARCO, em Madrid.

Antes de ser artista, Filipe tinha uma marca, a Relectro, e produzia objectos de decoração vintage com tecnologia. “Criei um candeeiro que tinha uma rádio pirata e reproduzia o som do iPod e um móvel que controlava todas as luzes da sala.” Um verdadeiro professor Pardal.

(jornal «i»).

Maná, maná.







E do céu cai um maná na garagem de Lisboa
Por António Rodrigues, publicado em 24 Dez 2011 - 03:00 Actualizado há 2 dias 9 horas
Todos os dias ali se pede o dízimo em troca do milagre da multiplicação dos rendimentos. A fé para curar a crise

António Variações cantou “Devia ser a nossa forma de viver/Dar e Receber” e na Igreja Pentecostal das Missões, numa garagem ali para a Almirante Reis, em Lisboa, diariamente o pastor pede aos fiéis, na maioria brasileiros, que dêem, dêem porque depois é só receber e receber. Um dízimo investido hoje para ter rendimento de 100% amanhã, garante o pastor.

“Irmãos e Irmãs, o dízimo é o valor de referência do rendimento que cada um de vós deseja obter de Deus. Por exemplo: uma pessoa que entrega a Deus 100 euros de dízimo, no mês seguinte vai obter de Deus um rendimento de mil euros; mas se entregar 150 euros de dízimo, Deus vai retribuir-lhe com mil e quinhentos euros, e assim sucessivamente”, explica o pastor.

A aritmética é fácil de seguir e – seria capaz de jurar, a melhor do mercado –. Em tempo de crise económica e financeira, com os bancos a emprestar cem só a quem tem mil, que nos caiam do céu juros destes e com garantia divinal, leva os fiéis a cair na tentação de deixar umas notas no cesto que passa de mão em mão.

A relação entre dar e receber não é assim tão directa na Igreja Pentecostal das Missões, tal como em qualquer outra igreja judaico-cristã que desde tempos imemoriais pede dinheiro para ajudar às almas. Será talvez mais próxima à dos Jogos da Santa Casa da Misericórdia cujo maná, no entanto, continua a ter um melhor retorno de investimento e, se calhar, uma probabilidade do mesmo nível. Seja como for, nada como ter fé: nas pentecostais missões ou nas cruzinhas do euromilhões.

(jornal «i»)

A morte não sai à rua.







Lisboa
No alto dos prédios da Baixa há idosos a precisar de ajuda
Por Cláudia Sobral


Dona Carolina aproveita o projecto para se sentir menos sozinha (Rui Soares)
Cinco andares, dez lanços de escadas. Dona Isabel vai subindo um a um, por vezes meio de cada investida. São 25 minutos até ao cimo e a prótese que tem na perna não ajuda. Longe vão os tempos em que saía de casa todos os dias, das "aventuras" nocturnas até à Gulbenkian. Um dia bateram-lhe à porta a oferecer ajuda. Para qualquer coisa, para as pequenas coisas.

Casos como o de dona Isabel, 81 anos, há muitos na Baixa de Lisboa. São "prisioneiros nas suas próprias casas", resume Maria de Lourdes Miguel, responsável pelo Mais Proximidade Melhor Vida, um projecto do Centro Social e Paroquial de São Nicolau que desenvolve um trabalho de proximidade com a população idosa da freguesia e que se estendeu já à da Madalena e a São Cristóvão e São Lourenço.

Quando a convidaram para trabalhar no centro paroquial, Maria de Lourdes Miguel começou a olhar para os números. "Havia cerca de 930 pessoas com mais de 65 anos a viver na Baixa, 1500 contando com o Chiado", conta numa manhã em que na sede do projecto se embrulha bolo-rei para distribuir pelos utentes. Não as via, não sabia quem eram. "Comecei a propor a mim própria o desafio de as procurar nas alturas destes prédios."

O projecto Mais Proximidade Melhor Vida ganhou forma em 2010, mas o trabalho de preparação começou a ser feito muito antes, com o Levantamento da População Idosa com Necessidades de Apoio na freguesia de São Nicolau, realizado em 2007 pela Universidade Católica. Hoje apoiam 84 idosos. O objectivo é chegar aos 150 e abranger todas as freguesias da Baixa.

Trabalhou sempre em hotéis, no Norte, mas desde que se reformou que dona Isabel vive com a irmã, agora viúva, em São Nicolau. O prédio está moribundo, como tantos outros daquela zona da cidade. "Quando a minha irmã esteve mais doente e era preciso chamar uma ambulância durante a noite, tinha de estar sempre a explicar a mesma coisa, ao telefone: "Olhem que não tenho campainha nem consigo abrir a porta, tenho de vos atirar a chave"", conta.

Três em cada quatro dos idosos inquiridos para o levantamento da Universidade Católica vivem de quartos andares para cima. A juntar a isto, 32% têm dificuldades de locomoção. Para além disso, "ficaram sem as suas bases", diz Maria de Lourdes Miguel. Muitos deles vieram para Lisboa trabalhar e instalaram-se nos últimos andares, os que tinham as rendas mais baixas. Os pisos de baixo eram destinados a lojas e armazéns, que são cada vez menos.

Umas cortinas

"O estar a ouvir uma história, o ir fazer uma compra ou ir levantar dinheiro faz toda a diferença para estas pessoas", acredita Maria de Lourdes Miguel. O apoio vem dos laços de proximidade que as duas técnicas a tempo inteiro no projecto, Mafalda Ferreira, assistente social, e Susana Rito, gerontóloga, têm vindo a criar com a população. Calcorreiam as ruas da Baixa em visitas, fazem e atendem telefonemas, tratam de tudo o que for preciso. Os voluntários servem de complemento nas visitas para aqueles que não podem sair de casa.

"Estamos a inventar tudo o que possa haver de mais proximidade", orgulha-se a mentora do projecto. Os objectivos do Mais Proximidade Melhor Vida passam por diminuir o impacto da solidão dos idosos, promover a sua saúde e o bem-estar, facilitar a aquisição de bens e o acesso à informação e melhorar a qualidade da intervenção. Muitos dos utentes têm apoio também da Santa Casa da Misericórdia e das juntas de freguesia.

O princípio é um telefonema, uma visita. A instalação dos aparelhos PT Emergência foi um dos primeiros passos. Depois vão-se estreitando laços até que há confiança para pedir ajuda, quando há um problema. E as duas técnicas fazem de tudo: fazem compras ou levantam dinheiro, acompanham os utentes a uma consulta, ajudam a decifrar o texto de uma carta da Segurança Social, tratam de comprar uns óculos ou de mandar consertar uma janela ou um pavimento, sugerem que alguém tire um tapete em que pode tropeçar. Muitas vezes limitam-se a ouvir as histórias de quem deixou de ter com quem conversar.

Mafalda Ferreira segue na rua, saco com os bolos que esteve a embrulhar ao ombro, e vai encontrando vários utentes. Passa dona Augusta. "Então, já tratou das cortinas?", pergunta. "Ainda não." Levou-lhe tecido e pediu-lhe que fizesse umas cortinas que fazem falta na casa de dois utentes. A ideia é ir criando também relações dentro da própria comunidade."A doutora Mafalda apareceu aí, eu gostei logo dela, ela diz que gosta de mim e eu acredito", conta dona Isabel. "Se passo três ou quatro dias sem dar notícias, ela telefona-me logo a perguntar se está tudo bem." Depois há os voluntários, mas a ideia é que seja um voluntariado cada vez mais profissionalizado.

Mais visitas

O voluntariado aqui é também empresarial. Estão a ser estudadas formas de tornar o projecto sustentável, mas para já o apoio vem de várias entidades como a Fundação Montepio, a Fundação PT ou o grupo Jerónimo Martins. "Uma vez por ano fazemos um levantamento das necessidades das habitações", explica Mafalda Ferreira. "Este ano arranjámos uma janela, instalámos dois corrimões, com a ajuda da Fundação S. João de Deus [outro parceiro do projecto]."

No prédio de dona Isabel, um edifício de cinco andares com esquerdo e direito, só o seu apartamento e outro têm gente. Por baixo vive dona Carolina, viúva de 85 anos. Nasceu aqui, namorou aqui - ele sentado no cadeirão da sala, ela sempre numa cadeira, ao lado, como exigia o seu pai - e casou-se. Baptizou filhas e netas na Igreja de S. Nicolau.

Por entre as decorações de Natal há um anjo oferecido por Mafalda Ferreira noutra ocasião. Dona Carolina faz questão de o lembrar. O projecto de mais proximidade possui três níveis de intervenção: um mais urgente, para os que não podem sair de casa; um intermédio, em que existe alguma autonomia com apoio regular, e outro mais pontual.

Dona Carolina está nesse: consegue ser autónoma, tem a companhia da empregada todos os dias, da família que a vai visitando. Mas no final faz Mafalda prometer que volta dentro de dias para um lanchinho. Já a descer as escadas, a assistente social remata: "Esta visita foi importante para perceber que temos de reforçar o acompanhamento, fazer-lhe mais visitas."

(in Público)

Incêndio a incêndio, Lisboa melhora.







Lisboa: 35 pessoas resgatadas devido a Fogo em prédio na Rua Braamcamp

“Só tive tempo para salvar os meus irmãos”
Samuel Mouronho, de 18 anos, via televisão no quarto com Francisco, de dois anos e meio, e de Maria, de 15, quando a madrasta lhe ligou. "Ela disse-me para fugir, pois estava na rua e viu fumo a sair do prédio. Só tive tempo de pegar no meu irmão ao colo e na Maria e salvá-los."

24 Dezembro 2011
Por:João Tavares / Lurdes Mateus



Quando Samuel começou a descer desde o 4º andar, as escadas do prédio de seis pisos no nº 84 da rua Braam-camp, Lisboa, já estavam envoltas em fumo, provocado pelo fogo que deflagrou às 17h00 de ontem. Ao todo, 35 pessoas foram resgatadas de três prédios, entre os quais 15 idosos de um lar. Um bombeiro ficou ferido ao cair na cobertura onde deflagrou o incêndio, sendo transportado ao Hospital de São José (ver caixa).

As chamas só foram dominadas pelos bombeiros cerca de duas horas depois, perante o olhar de dezenas de pessoas que passavam naquela artéria no centro de Lisboa. Três auto-escadas bombearam milhares de litros de água para a cobertura do prédio, que ficou totalmente destruída.

No meio da confusão, e depois de já ter entregue os irmãos aos pais, Samuel voltou a subir as escadas - contra a indicação de alguns bombeiros já no local - para salvar a cadela Yuki, de 10 anos, altura em que a clarabóia do prédio explodiu devido ao calor. O jovem foi atingido na cara pelos estilhaços de vidro, sofrendo um pequeno corte no nariz.

Fernando Pires, de 56 anos, pai de Samuel, não queria acreditar em tudo o que se tinha passado. "Este ano é que vamos ter um excelente Natal", dizia desolado ao nosso jornal, ao mesmo tempo que abraçava os filhos.

As chamas terão começado na casa das máquinas do elevador, que estava em manutenção há cerca de quatro dias, disseram os moradores do prédio ao nosso jornal. Segundo o Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa, que coordenou as operações de combate às chamas, um curto-circuito poderá estar na origem do fogo.

VOLUNTÁRIO FICOU FERIDO SEM GRAVIDADE

André Saraiva, 26 anos, dos Bombeiro Lisbonenses, estava na primeira linha de combate às chamas quando a cobertura cedeu e caiu no saguão (forro da cobertura). "Sofreu escoriações nas duas pernas, mas não foi grave", explicou ao CM José Bento, comandante dos Lisbonenses. André foi para o Hospital de São José e teve alta ainda ontem. Uma bombeira da mesma corporação sentiu-se indisposta e saiu das operações.

CURTO-CIRCUITO NO ELEVADOR NA ORIGEM DO FOGO

A coordenação das operações esteve a cargo do Regimento de Sapadores de Lisboa. O comandante, coronel Joaquim Leitão, explicou que "a grande preocupação foi evitar que as chamas alastrassem ao prédio ao lado".

O responsável avançou ainda que a causa deste incêndio poderá estar num curto-circuito na casa das máquinas do elevador, cujos cabos estavam a ser substituídos há cerca de uma semana.

"ESTÁ TUDO DESTRUÍDO MAS NÃO HÁ FERIDOS": Rodrigo Rodrigues, dono da Once Upon a Brand

Correio da Manhã - Como se aperceberam do incêndio?

Rodrigo Rodrigues - Eu não estava na empresa, que fica mesmo no 6.º andar, mas houve uma funcionária nossa que se apercebeu do fumo quando veio à janela. Avisou as outras pessoas e fugiram todos. Ao deixar o prédio, na confusão, ainda se magoou no pé.

- Quantas pessoas estavam na empresa?

- Somos uma empresa de design de marcas, com 18 funcionários, mas só lá estavam três. Está tudo destruído, mas, felizmente, não houve quaisquer feridos.

- Que vai ser agora desta empresa e dos funcionários?

- No meio disto tudo, um funcionário nosso lembrou-se de pegar em três computadores e trouxe-os para a rua. Foi a única coisa que se salvou desta tragédia. Agora vamos passar o Natal e, onde quer que seja, na segunda-feira vamos estar de volta ao trabalho.

FORÇAS ARMADAS RECEBEM VÍTIMAS

O Centro de Atendimento dos Antigos Combatentes, que fica nas instalações do Centro de Recrutamento das Forças Armadas, dois prédios ao lado do que ardeu, serviu de quartel general às vítimas, em especial aos 15 idosos que foram evacuados pelas autoridades por mera precaução.

Foi igualmente nessas instalações que vários elementos da Protecção Civil de Lisboa deram todo o tipo de assistência às vítimas do incêndio, além de ter recolhido os dados dos lesados.

As vítimas - algumas delas em visível estado de nervosismo - também procuraram aquele espaço para evitar as baixas temperaturas que se faziam sentir àquela hora, protegendo-se igualmente do fumo e da alguma água que caía.

Aos poucos, os moradores lesados foram sendo alertados pelos bombeiros e Protecção Civil do estado de cada uma das habitações, podendo muitos voltar às suas residências. Alguns, no entanto, preferiram ir para casa de familiares. A água afectou muitas dos andares do prédio que ardeu.


(in Correio da Manhã)

Garcia de Orta: penhorado no aniversário...







Carros do Garcia de Orta foram alvo de penhora
24 Dezembro 2011


Polícia apareceu momentos depois de o ministro da Saúde, Paulo Macedo, abandonar as comemorações dos 20 anos do hospital. Dívida de 9000 euros na origem da tentativa de penhora aos carros da administração.

Ao DN, fonte ligada ao hospital revelou que "as autoridades chegaram por volta das 16.00, momentos após o ministro Paulo Macedo ter saído da sessão de comemoração dos 20 anos de vida do Garcia de Orta".

Diário de Notícias.

A morte anunciada.







26/12/2011
Prédio que ardeu na Elias Garcia já tinha sofrido dois incêndios


Por Ana Henriques in Público
Do edifício das Avenidas Novas, de valor patrimonial reconhecido, pouco mais resta além da fachada. Morador fala em fogo posto

Quando Nuno Ramalho acordou estremunhado com os bombeiros a baterem-lhe à porta do apartamento no número 77, lembra-se da primeira coisa que disse: "Eu sabia que isto ia acontecer".
"Isto" era o prédio do lado há muito ao abandono irromper em chamas, em pleno centro de Lisboa, pondo em perigo a sua casa e as do lado. Nuno Ramalho, a mulher e os seus seis filhos adolescentes só tiveram tempo de pôr uns casacos pelas costas antes de saírem porta fora de pijama. Eram quatro e meia da manhã, passavam poucas horas da consoada. Os vizinhos foram obrigados a fazer o mesmo.
O funcionário bancário não hesita quando fala sobre a causa do sinistro no prédio número 73 da Av. Elias Garcia: "Foi fogo posto. Um casal que ia a passar na rua viu todos os andares a arderem ao mesmo tempo. É a terceira vez que lhe deitam fogo - a primeira foi em Maio, a segunda em Julho. Moro aqui há oito anos e o edifício sempre esteve ao abandono". Responde com prontidão quando se lhe pergunta se não terá sido o descuido de um sem-abrigo: "Nunca lá vi nenhum".
As chamas saltaram por cima do prédio reabilitado de Nuno Ramalho para irem bater uma porta mais adiante, a uma casa azul igualmente habitada, cuja cobertura destruíram. Seis dezenas e meia de pessoas passaram a madrugada em bolandas. Ontem à tarde ainda havia cheiro a fumo no ar enquanto os bombeiros procediam a operações de rescaldo, para arrefecerem os escombros de madeira. Com a derrocada do interior do edifício, que faz parte do inventário municipal do património, a fachada pode não se aguentar em pé. Daí que grande parte dos habitantes dos prédios contíguos continuem a não ser autorizados a voltar a casa, até se apurar o estado do prédio que ardeu e dos edifícios vizinhos. Estão a dormir em casa de familiares.
Segundo Nuno Ramalho, esta parte do quarteirão - incluindo outro edifício devoluto que está já na Avenida da República - pertence à mesma firma, que chegou a informar os moradores dos prédios vizinhos de que ia fazer obras. "Foi há quatro ou cinco anos, mas nada aconteceu", recorda. Faz um ano que o estado de degradação do edifício, onde funcionava uma antiga leitaria, levou a câmara a cortar o trânsito neste troço da Elias Garcia. O quinto e último piso encontrava-se em risco de "queda iminente".
"Este é um dos já poucos prédios valiosos das Avenidas Novas, e é mais um dos péssimos exemplos que a câmara tem seguido ao longo dos últimos anos: permitir o abandono de valioso património de finais de séc. XIX, princípios do XX", acusou, na altura, o movimento Fórum Cidadania Lisboa.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Boas Festas.




Graças às movimentações de terras assim como às alterações radicais de cotas no jardim da placa central da Praça de Londres, o belo exemplar de Magnolia grandiflora está em grande stress, e muito provavelmente não vai sobreviver. Esta é uma espécie de folha perene -mas como qualquer pessoa poderá constatar no local, a árvore está totalmente despida de folhas desde a Primavera! Se esta árvore morrer, quem será responsabilizado? Ou a culpa morrerá solteira neste atentado contra o património arbóreo da nossa cidade? Entretanto, a árvore quase cadáver, foi escolhida para ser vestida de luzinhas vermelhas de Natal pela CML! É assim que o actual executivo da CML nos dá as Boas Festas.
Fernando Jorge

Mais um incêndio, mais uma derrocada, mais um negócio.























Notícia Lusa 25/12/2011 9:45


Feliz Natal!




sábado, 24 de dezembro de 2011

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O Querido Líder a olhar para coisas.




As últimas palavras do Querido Líder.

REABILITAÇÃO, JÁ!!







Oposição na Câmara de Lisboa pede mais investimento e prioridades na reabilitação

Por Inês Boaventura in Público
Praticamente toda a cidade passa a estar classificada como "área de reabilitação urbana", o que, no entender da maioria, vai permitir generalizar os apoios a quem reabilitar

A Câmara de Lisboa debateu ontem a estratégia de reabilitação urbana da cidade até 2024, que prevê a atribuição de benefícios fiscais aos privados que reabilitem o seu edificado e celeridade no licenciamento dessas obras. A oposição questionou o impacto dessas medidas e criticou a autarquia por não canalizar todos os meios disponíveis para esta área.
Na reunião camarária de ontem foi aprovada, com os votos contra do PSD e do CDS-PP e a abstenção do PCP, uma proposta que estabeleceu como "área de reabilitação urbana" praticamente toda a cidade, deixando de fora zonas de edificação mais recentes como o Parque das Nações e Telheiras, grandes equipamentos (como cemitérios) e áreas verdes de grande dimensão.
O vereador da Reabilitação Urbana, Manuel Salgado, considerou vantajoso o facto de grande parte de Lisboa passar a ter essa classificação. Isto porque, justificou, praticamente todas as obras de reabilitação que sejam feitas em edifícios com mais de 30 anos poderão beneficiar de reduções no IVA, Imposto Municipal Sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) e Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI). A isto junta-se o facto de a autarquia se comprometer a pronunciar-se sobre os processos de licenciamento respectivos no prazo de 20 dias.

Costa quer "lei do despejo"

Mas tanto o PSD como o CDS-PP discordaram de Salgado, afirmando que a grande extensão da "área de reabilitação urbana" demonstra uma incapacidade da maioria para estabelecer prioridades. Foram também várias as críticas à alegada falta de meios financeiros disponibilizados pela câmara para concretizar a sua estratégia de reabilitação urbana.
"Em cada sessão de câmara, atribuímos centenas de milhares de euros à actividade cultural. São tantos os subsídios quantos os programas da vereadora Helena Roseta", afirmou a vereadora social-democrata Mafalda Magalhães de Barros, lamentando que essas verbas não sejam canalizadas para a reabilitação. Já Pedro Santana Lopes (PSD) defendeu que a autarquia se deve substituir aos proprietários privados e promover obras coercivas.
Uma ideia que Manuel Salgado repudiou, lembrando que, dos 34 milhões de euros gastos nos últimos anos em obras coercivas, a câmara só conseguiu recuperar cinco milhões de euros, estando em vias de ser ressarcida de outros 9,5 milhões. O vereador defendeu que, ao contrário do que disse o PSD, têm sido investidos na reabilitação urbana "todos os poucos recursos que o município tem", nomeadamente verbas do Casino de Lisboa, do Programa de Investimento Prioritário em Acções de Reabilitação Urbana (PIPARU) e do QREN.
O socialista António Costa lembrou que, para reabilitar todo o edificado da cidade, seria necessário um investimento de oito mil milhões de euros. O presidente da câmara considerou ainda que mais do que uma nova lei do arrendamento "é necessária uma nova lei do despejo".

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

3 urgências em Lisboa: «suficientes».







Três centros de urgência em Lisboa “são suficientes”, diz ministro
Por Agência Lusa,


O ministro da Saúde, Paulo Macedo, afirmou hoje que três centros de urgência em Lisboa “são suficientes” para a população da capital, concentrando-se nos hospitais de S. Francisco Xavier, Santa Maria e S. José.

Em declarações aos jornalistas à margem da tomada de posse do conselho de administração do novo Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, Paulo Macedo confirmou o encerramento da urgência do Hospital Curry Cabral, que será descentralizado por outras unidades, mas desdramatizou o impacto no atendimento dos doentes.

Governo terá de poupar quase o dobro com a saúde em 2012

O Governo terá de poupar quase o dobro nos custos com o setor da saúde que o estipulado na primeira revisão do memorando de entendimento com a 'troika', passando assim de 550 para 1.000 milhões de euros.

De acordo com a segunda revisão do memorando de entendimento do Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF), o Governo fica agora obrigado a originar poupanças no setor da saúde em 2012 de mil milhões de euros.

A meta estipulada na primeira revisão do memorando estipulava uma poupança efetiva no setor da saúde de 550 milhões de euros.

“Temos três centros de urgência em Lisboa: Hospital de S. Francisco Xavier, de Santa Maria e de S. José. Para a população de Lisboa, com todos os hospitais à volta (Loures, Vila Franca de Xira, Amadora Sinta, etc.), três urgências de acordo com os estudos são suficientes”, sustentou o ministro.

Referindo-se ao Hospital Curry Cabral, Paulo Macedo clarificou que, tal como estava previsto, a urgência cirúrgica encerrou em agosto, as urgências cirúrgica geral e psiquiátrica, incluindo o internamento, serão agora concentradas no Hospital de S. José e a área cardíaca irá para o Hospital de Santa Marta.

O serviço de urgência e a urgência psiquiátrica do Curry Cabral encerram às 24:00 de segunda-feira, anunciou hoje o Ministério da Saúde em comunicado, medida que se insere “no âmbito da reestruturação da rede de urgências da área metropolitana de Lisboa e da abertura do Hospital de Loures”.

A partir de terça-feira, os doentes serão referenciados para a urgência polivalente do Centro Hospitalar de Lisboa Central – Hospital de S. José, que integra o Grupo Hospitalar do Centro de Lisboa.

O Ministério da Saúde garante que a urgência do Centro Hospitalar de Lisboa Central “será reforçada com os diversos grupos sócio-profissionais do Hospital Curry Cabral, mantendo-se os atuais padrões de qualidade na prestação dos cuidados aos utentes”.

Com este fecho, deixará igualmente de funcionar no Curry Cabral a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).


Nota Lisboa SOS: gostaríamos de saber se, quando ocorrer uma urgência médica, ao Senhor Ministro ou a algum familiar, irá a um hospital público ou a um hospital privado.

Me engana que eu gosto.







Capitólio começa a ser reconstruído no primeiro trimestre de 2012
In Diário de Notícias (21.12.2011)
Por Inês Banha


«Lisboa. Obra foi adjudicada por mais de 5,8 milhões de euros e vai hoje a reunião de câmara. Verba é contrapartida do Casino Lisboa


A reconstrução do cineteatro Capitólio, um dos edifícios do Parque Mayer, vai começar no primeiro trimestre do próximo ano. A empreitada, avaliada em mais de 5,8 milhões de euros e adjudicada à Habitâmega- Construções S A, tem um prazo de execução de cerca de sete meses. As obras de recuperação acontecerão independentemente do que venha a ser decidido, no âmbito do processo Bragaparques, quanto à sua posse.

São cerca de 1200 metros quadrados que, até Março de 2012, vão começar a ganhar uma nova vida. O projecto, da autoria do arquitecto Alberto Souza Oliveira, pretende transformar o Capitólio num espaço contemporâneo que possa comportar o maior número possível de formas de expressão cultural, como o teatro, a dança ou a arte circense. Para que tal seja possível, "a grande caixa" vai poder ser adaptada a uma única "arena" e o edifício vai ser apetrechado com diversa maquinaria tecnológica. Uma solução global "limpa que preserva a memória do espaço", permitindo, simultaneamente, a sua reutilização.

A explicação foi dada pelo autor na apresentação do projecto, em Abril do ano passado, naquele que foi o primeiro passo de um processo que chega agora à sua fase decisiva, depois de já terem sido feitas operações de limpeza no imóvel histórico. De acordo com a proposta que irá hoje a reunião de câmara e que visa aprovar a adjudicação da obra à Habitâmega - Construções S A, vão ser gastos nesta fase da empreitada mais de 5,8 milhões de euros, totalmente financiados pelo Casino Lisboa.

As obras são consideradas essenciais, depois de o Laboratório Nacional de Engenharia Civil ter alertado para o risco de derrocada do antigo cineteatro, o único classificado do Parque Mayer. Por isso, a reconstrução avançará independentemente do que venha a ser decidido no âmbito do processo Bragaparques - uma garantia dada já várias vezes pelo presidente da autarquia, António Costa.

Isto porque continua em cima da mesa a eventualidade da Câmara Municipal de Lisboa deixar de ser proprietária do Capitólio, devido àquela acção judicial. Em causa está a permuta dos terrenos do Parque Mayer e da Feira Popular, em Entrecampos, que, caso voltasse à estaca zero, implicaria o regresso do primeiro à alçada da Bragaparques. Uma hipótese que levou o autarca, em reunião pública de câmara de 25 de Maio, a admitir avançar com a expropriação se tal vier a acontecer.

Inaugurado em 1931 e da autoria do arquitecto Luís Cristino da Silva, o Capitólio foi o primeiro exemplar modernista a ser construído em Portugal. Até ao final da década de 1980 desempenhou um papel ímpar na vida cultural lisboeta, por combinar um grande salão para espectáculos de teatro e um music hall com um terraço para actuações ao ar livre. Nos últimos anos, porém, a degradação do edifício, que agora vai ser reconstruído, foi-se acentuando.»

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Frisos ecológicos no Arco da Rua Augusta.







Câmara Municipal de Lisboa investe em frisos ecológicos no património nacional.

Em banho-maria...







Animação do Mercado da Ribeira fica em banho-maria durante o próximo ano


Por Ana Henriques in Público

Revista Time Out justifica atraso com trâmites burocráticos, mas crise também pesou no desacelerar de investimento de quatro milhões. Na autarquia, o projecto é para manter

A transformação do mercado da Ribeira num espaço dedicado ao lazer, com restaurantes, discoteca e uma academia, vai ter de esperar até 2013. A adaptação do recinto às novas funções revelou-se mais complexa do que esperavam os responsáveis da revista Time Out, que anunciaram a abertura do mercado para o início de 2012 depois de ganharem o concurso lançado pela Câmara de Lisboa para o remodelarem e explorarem.
O director da publicação, João Cepeda, justifica o atraso com "trâmites burocráticos". A crise que o país atravessa também terá pesado no desacelerar do investimento de quatro milhões de euros em obras, a que há que juntar uma renda mensal de 12 mil euros. "Tivemos de fazer o projecto de segurança de todo o edifício, e não apenas da parte que vamos ocupar", refere o director da Time Out, assegurando que o projecto não está "nem congelado nem suspenso". Poderá, no entanto, sofrer algumas alterações motivadas pelo cenário económico: "Algumas mudanças têm a ver com o contexto de crise, e poderão passar por um reforço da parte turística" do negócio, como a vertente gastronómica. "Mas não queremos fazer disto um projecto exclusivamente turístico", frisa João Cepeda.
Além de um food court para refeições rápidas, será ainda criado na Ribeira um espaço multi-usos para conferências e exposições. Também estão previstas lojas, que se juntarão às que já aqui existem, e um restaurante. A função para que o recinto foi criado, já lá vão 129 anos, será mantida: os vendedores de peixe, carne, fruta e legumes continuarão no mercado.

Zona cool e trendy

"Agora que está resolvido o problema da segurança, como as escadas de incêndio e as saídas de emergência, levarei o projecto de arquitectura à câmara em Janeiro. A obra deve começar lá para o Verão", estima o vereador responsável pelos Mercados, José Sá Fernandes, acrescentando: "Estou com esperança de a requalificação terminar no final de 2012. Na pior das hipóteses ficará pronta no primeiro trimestre de 2013".
O projecto é da dupla de arquitectos Aires Mateus, encarregue de um outro edifício ali perto, a sede da EDP no Aterro da Boavista, cuja construção também ainda não arrancou. "A viabilidade do projecto do mercado não está de forma nenhuma posta em causa", diz José Sá Fernandes, explicando que cabe também ao concessionário remodelar parte da cobertura do edifício, de forma a melhorar as suas condições térmicas, e pavimentar em lioz a parte do chão que ainda não é em pedra. "Esta é a zona da cidade com maior potencial de crescimento", acredita João Cepeda. "É a nova zona cool e trendy de Lisboa".
"Não há nada mais difícil do que mudar as coisas", declarou o presidente da câmara, António Costa, quando, já lá vai mais de um ano, apresentou os planos de remodelação do mercado - numa referência ao carácter conservador dos portugueses. O tempo parece dar-lhe razão.

Gamar Cobre no Metro.







Lisboa: homens apanhados a roubar cobre no metro
Quatro indivíduos detidos na zona de Marvila
Por: tvi24


Dois homens detidos em flagrante a furtar cobre Homem morre eletrocutado no cimo de posteFalsos funcionários da EDP roubavam cobre em condomínioFizeram-se passar por funcionários da EDP para roubar cobreA PSP anunciou esta segunda-feira a detenção, na zona de Marvila, Lisboa, de quatro homens, com idades entre os 18 e os 23 anos, por roubo de cobre numa estação do Metropolitano e a apreensão uma centena de quilos daquele metal.

Fonte do Comando Metropolitano de Lisboa adiantou à Lusa que, na madrugada de domingo, cerca das 6:15, uma patrulha que passava de carro na Avenida Doutor Augusto de Carvalho, em Marvila, avistou dois homens «com ar suspeito» junto a uma conduta de ventilação do Metro, que mostraram ainda «maior nervosismo» com a aproximação da polícia.

Ao aproximarem-se, os elementos da PSP viram o cadeado da porta da conduta arrombado e ao abrirem a mesma apanharam outros dois homens a carregar cinco rolos de cobre já cortados.

Após revista a um dos suspeitos, os polícias encontraram uma chave de uma viatura, que o detido disse servir para transportar o material, e descobriram dentro desta mais cinco rolos de cobre já prontos para seguir, bem como diverso material utilizado nos furtos.

No total, a PSP apreendeu 100 quilos de cobre, uma mala de desporto, um par de luvas, uma lanterna, uma corda e dois alicates.

Os detidos estão hoje a ser ouvidos em primeiro interrogatório judicial no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa.

A culpa é dos outros.







Imobiliário: Nenhum lote foi vendido, em quatro leilões realizados

EPUL acusa banca de concorrência desleal
A EPUL – Empresa Pública de Urbanização de Lisboa – não vendeu qualquer dos lotes que levou a hasta pública nos últimos quatro dias (14, 15, 16 e 19), e acusou a banca de "concorrência desleal".

Por:Luís Figueiredo Silva

Ontem, no final do quarto e último leilão, Luís Bento, administrador da empresa, adiantou que a EPUL "deixou de vender" 17 milhões de euros, no último trimestre, devido à intervenção da banca no sector. Segundo este responsável, as queixas "não são institucionais", mas sim "pelos clientes". É que além de lhes terem negado o crédito, a banca informou os clientes de que só os financiaria (a 100%) nos seus próprios leilões, em condições que incluíam ‘spread’ de menos um por cento, denunciou. Ainda segundo este responsável, a CGD e a Direcção Geral de Impostos agendaram até leilões para os mesmos dias das hastas públicas da EPUL, nos dias 15 e 16.

Ao tentar vender os seus activos, a banca veio criar "desregulação" e "concorrência desleal" no mercado imobiliário, referiu o administrador, que em consequência diz ter pedido "um parecer à Autoridade da Concorrência", adiantou.

Nestes leilões a EPUL levou à praça 104 imóveis, avaliados em 43 milhões de euros, dos quais vendeu "entre 25 a 30%", mas todos negociados fora da hasta pública. Ontem foram leiloados 22 imóveis que não conseguiram ser arrematados. O Palácio de Telheiras foi vendido por carta fechada no valor de 1,2 milhões.

(in Correio da Manhã).

domingo, 18 de dezembro de 2011

Leitura recomendada.



Feliz Natal.



Sapataria Lena & Gonçalves, Praça de Espanha.

Casa Xangai.




Avenida da República.

Concerto na Igreja do Menino Deus.







Concerto de encerramento das Comemorações dos 300 Anos da Igreja do Menino Deus. Programa para o concerto de 20 de Dezembro de 2011 às 21:00h:

Eurico Carrapatoso: “Magnificat em Talha Dourada”


Grupo Vocal e Instrumental Olisipo


Angélica Neto - Soprano


Grupo Vocal Olisipo


Elsa Cortez e Mónica Monteiro – Sopranos


Maria Luísa Tavares e Susana Moody – Contraltos


Sérgio Peixoto e João Sebastião – Tenores


Armando Possante e Hugo Oliveira – Baixos


Grupo Instrumental Olisipo


Tiago Neto - Violino I


Ana Margarida Sanmarful - Violino II


Teresa Fernandes – Viola


Teresa Rombo – Violoncelo


Marta Vicente - Contrabaixo


António Carrilho - Flauta I


Sofia Norton - Flauta II


Jenny Silvestre – Cravo


IGREJA DO MENINO DEUS - Largo do Menino Deus – LISBOA


APOIO: Patriarcado de Lisboa, Congregação de São José de Cluny, Teatro Nacional de São Carlos, URBANOS – Division of Fine Arts, Solar do Castelo/Hotéis Heritage Lisboa, Palácio Belmonte.


ENTRADA LIVRE

O maior de todos.







Gonçalo Ribeiro Telles: “Talvez os governantes queiram destruir o país”
Por Luís Claro,


Ribeiro Telles diz que não percebe a estratégia do governo. “Dá a sensação que não conhecem o país”, afirma
.

Gonçalo Ribeiro Telles foi recentemente homenageado pela Fundação Calouste Gulbenkian em parceria com o Centro Nacional de Cultura. O i conversou com ele durante mais de uma hora sobre a vida e as causas que sempre defendeu.

O António Barreto disse, na homenagem que lhe fizeram, que o Gonçalo Ribeiro Telles tanto se passeia pelos salões dos poderosos como come pastéis na pastelaria da esquina. É uma boa descrição?

É. Talvez marque uma certa ideia que eu tenho sobre a vida e a circunstância da vida.

Tem a ver com as suas raízes, entre o litoral e o campo?

Absolutamente. E até actividades. Fui muito influenciado pela terra, mas também pelo mar.

O seu pai tinha raízes no campo e a sua mãe era ligada ao mar…

Exactamente.

Sentiu, a partir de determinada altura, que os poderosos deixaram de ouvir as suas sugestões com a mesma atenção, perante alguns interesses económicos que começaram a ganhar mais peso?

Julgo que não tinham em mira quaisquer interesses, tinham em mira a circunstância que os envolvia, que era diferente da minha circunstância. Fundamentalmente, tive a felicidade de ter uma visão um pouco mais global das pessoas, do tempo das pessoas, dos espaços que as pessoas ocupam e onde trabalham. E essa visão global permitiu-me entrar numa série de controvérsias com os diferentes sectores das actividades económicas que tinham uma perspectiva completamente virada para o único objectivo de fazer dinheiro.

Deixou de pertencer aos governos a partir de uma certa altura. Deixou de ser convidado ou fartou-se?

Não me fartei. O que pode acontecer é começar a estar maldisposto, mas não me farto. Mas não foi isso. Havia possivelmente outras intenções mais directas num determinado sentido a que eu não podia corresponder.

Não o convidaram porque sabiam que não estava disposto a fazer cedências?

É evidente, por exemplo, sobre o problema do campo e da agricultura não comungava de maneira nenhuma com a generalidade dos técnicos, apesar de ter andado com eles na escola.

A partir de que altura sentiu essa diferença de opiniões em relação ao poder político?

Foi crescendo, porque a partir de determinada altura foi-se desenvolvendo a ideia de que a agricultura não era uma cultura, mas era uma economia feita exclusivamente para criar uma riqueza material, de financiamento fosse do que fosse. Houve muitos políticos – não se pode dizer todos – que se começaram a convencer-se de que a agricultura era qualquer coisa que não tinha lugar no mundo moderno.

Mas pelo menos tinham o interesse de o ouvir?

Nunca fui uma pessoa fechada, mas nunca procurei bater a portas que não se abriam.

Foi subsecretário de Estado do Ambiente em três governos a seguir ao 25 de Abril. Viveu por dentro a revolução...

Sim, e foi aí que se começaram a desenvolver determinadas ideias, determinadas posições – para as quais o país não estava complemente preparado, nem era necessário virem de chofre –, que iam transformando a intervenção no território, nas potencialidades do território e do mar. Era uma forma de ir conquistando um futuro de forma gradual.

Conseguia naqueles tempos tão conturbados incluir na agenda as questões ambientais?

Eram tempos conturbados, mas muito vividos. Vivia-se muito, dialogava-se muito. O pior é quando estamos instaladas. Parecem tempos consistentes, mas não há diálogo, nem há diversificações, nem posições globais sobre os problemas.

É essa a descrição que faz dos tempos que vivemos hoje?

Evidentemente. Por isso temos mais de meio milhão de fogos vazios, que serviram para construir, mas que estão vazios. Temos uma política florestal, que no fundo é a eucaliptação do país com a correspondente morte das aldeias e da agricultura regional.

Sempre houve muita resistência à legislação que aplicou como ministro da Qualidade de Vida no governo de Francisco Pinto Balsemão. Estamos a falar, por exemplo, da Reserva Agrícola e da Reserva Ecológica Nacional. Encontra alguma explicação para essa falta de entusiasmo?

Isso tem de perguntar aos autarcas. Não se procurava o entusiasmo, o que havia era uma resistência. O que pergunto é: qual era o serviço que estavam a fazer?

E qual é a resposta que tem?

A resposta é evidente. A morte das aldeias, a caótica destruição com as urbanizações, o desaparecimento da agricultura. A resposta está nos factos que se vão vendo.

Tentou convencer alguns autarcas do contrário?

Não valia a pena. Eles é que me queriam convencer. A força estava do lado de quem queria impor um determinado modelo e não de quem queria defender uma situação criativa em relação ao território e em relação às gentes. E as pessoas, evidentemente, viam com mais facilidade a primeira solução que a segunda.

Por ser mais compensadora a curto prazo?

Por ser imediata e por ter grande parte da comunicação social a seu favor. Estavam convencidos que o progresso estava na construção, nos grandes edifícios.

Em todo o caso conseguiu, nessa altura, fazer ouvir as suas ideias e aplicar algumas. Como é que o PPM entrou na AD?

Foi um convite do Sá Carneiro. Havia um grande entusiasmo e a noção de que era preciso dar uma volta ao país em relação à política, que resultou numa legislação que ainda hoje existe. Mas a REN (Reserva Ecológica Nacional) e a RAN (Reserva Agrícola Nacional) estão comprometidas, não só na sua estrutura, mas também na sua aplicação. A política de ambiente não tem a força que tinha nessa altura.

Hoje voltou a existir a AD…

Agora há alguma AD? Não conheço.

Uma coligação entre o PSD e o CDS.

Mas não é a AD. Falta-lhe um elemento fundamental. Grande parte da legislação sobre ordenamento do território teve como origem o PPM. Hoje não há uma ideia global por causa dos interesses e por causa de as pessoas estarem à espera de coisas que dêem proveito rapidamente. Por isso é que televisão diz todos os dias que há uma floresta a arder quando é um eucaliptal. Todos os dias se diz que há um desenvolvimento numa determinada região, porque os prédios atingiram determinada altura...

Essa ideia – que passou também pela construção de muitas auto-estradas ou dos estádios de futebol – é uma ideia nossa ou um problema europeu?

É um problema muito nosso, de não fazer um planeamento coordenado. Temos auto-estradas, mas não temos caminhos locais de relação com a vida local. Vê-se a vida passar na auto-estrada, mas não se sente. Desprezamos as aldeias porque não fazem parte desse modelo. O próprio povoamento do país não faz parte desse modelo e portanto não há que tratar sequer da sua dignidade como pessoas. É preciso que acabem.

Já passou essa euforia, principalmente porque acabou o dinheiro para construir.

Hão-de vir mais euforias. Já viu alguma política económica e social que vá ao encontro da recuperação económica e social do mundo rural? O que me aflige é termos um país de alto a baixo, principalmente no Interior, despovoado e apodrecido.

O Presidente da República disse que era preciso voltar à agricultura. Não foi durante os dez anos do cavaquismo que se deu uma machadada no mundo rural, na agricultura, nas pescas…

Não quer que eu diga que é um rebate de consciência, mas todos os responsáveis têm obrigação de rever as suas posições.

É fazer o caminho ao contrário?

Não, é fazer um caminho novo.

Como vamos voltar à agricultura se o mundo rural está desertificado?

Pois é. Essa é agora a dúvida de quem fez isso. Temos de procurar criar uma agricultura de base sustentável com o objectivo de evitar as importações escusadas. Tudo isso é possível, mas não pode ser um trabalho isolado. Tem de ser uma política global. Talvez o senhor Presidente tenha já essa visão de que tem de se começar a construir aquilo a cuja destruição ele assistiu.

Por onde começava?

Pela defesa das potencialidades do espaço rural, do espaço natural do país. Acabava com o pandemónio de construir nas melhores terras de cultura, de não promover uma boa circulação da água através das suas linhas naturais e de recuperar os solos através da própria ocupação vegetal. Há uma inércia enorme perante as asneiras cometidas.

Acredita, ao fim de tantos anos, que é desta que os governantes vão ter sensibilidade para esses problemas?

Talvez queiram acabar com o país ou torná-lo completamente dependente e com uma vida irreal.

Já somos muito dependentes.

Pois estamos. Ainda não sabemos é a actividade que vamos desenvolver para estar no mundo depois desta decadência e desta degradação total do território. Não é com certeza o turismo.

Há quem diga que sim.

Não pode ser, porque o turismo tem por base o ordenamento do território e a paisagem.

O actual ministro da Economia defende que podemos ser uma espécie de Califórnia da Europa...

Ele podia ter dado um exemplo mais europeu, como os países nórdicos. Não é preciso ir buscar um exemplo fora da Europa. E é preciso ver que temos potencialidades enormes para isso, mas para termos um turismo a sério é preciso recuperar o bom ordenamento do território. Não pensem que o turismo vem para um país sem agradabilidade, nem sem valor estético naquilo que se vê quando se abre a janela do hotel.

Já disse várias vezes que muitos políticos não conhecem o país. Acha que é por isso que cometem alguns desses erros?

Alguns conhecerão, mas há muitas intervenções de políticos de tal mediocridade que só se podem basear numa total falta de conhecimento do que é o nosso território e do que é a nossa paisagem.

Fica irritado quando ouve essas intervenções?

Não. Se ficasse já me tinha ido embora.

E da actual ministra do Ambiente, Assunção Cristas, tem uma opinião mais positiva?

Ela tem um trabalho enorme às costas, que é juntar o problema do mar com o problema do ordenamento do território, com o problema da agricultura. Não é culpa da ministra, mas aquele ministério necessitava de uma experiência muito específica de intervenção.

Concorda com a concentração de várias áreas num mesmo ministério?

Concordo que tem de haver uma coordenação, mas espero que os sectores com mais poder económico não sirvam para tapar as mazelas dos espaços com menos rentabilidade imediata, mas absolutamente indispensáveis.

Tem receio que as várias áreas se anulem umas às outras?

Já fundou partidos ligados à terra e em defesa da monarquia. Há ligação entre estas duas causas?

Há sempre uma ligação. A nossa história é uma construção através de um regime monárquico e essa ligação à história e à continuidade perdeu-se. E nesse sentido há de facto um recuo enorme, que permitiu depois uma visão diferente do futuro. Quando a monarquia existia havia sempre um futuro na sequência da dinastia.

É essa a vantagem que vê na monarquia?

É essa a grande vantagem. Isso dá um somatório de uma cultura que é muito difícil de arrancar. Só à força é que se arranca. É o que está a suceder. Há a saudade dessa continuidade.

Os portugueses têm saudades da monarquia. Acha isso?

Dessa continuidade com certeza, porque isto é um país inventado e construído. Construído com as condições que tinha de mar, de terra, de solos e inventado pelo género português.

O caminho teria sido outro com uma monarquia?

Tínhamos seguido um caminho mais paralelo dos países escandinavos.

Os reis não são eleitos. Não é um bom argumento a favor da República?

Os reis são eleitos todos os dias.

Uma vez contou que a sua avó estava sempre à espera que viesse o Paiva Couceiro com os militares do Norte para acabar com a República.

Não era só a minha avó, eram muitas avós. Vinha repor a ordem. No fundo vinha repor a liberdade. As pessoas, sem o sentir, tinham a noção de liberdade.

O país está a viver uma crise muito complexa com o aumento do desemprego, a aplicação de muitas medidas de austeridade. Compreende estes sacrifícios todos que estão a ser pedidos ou impostos aos portugueses?

Não compreendo, porque o próprio sistema não tem nada a ver com essa maior humildade que seria necessária para exigir essa austeridade. Faz uma exigência que as pessoas não compreendem por todo o modelo de sociedade e de instituições que têm. Basta ver os jornais. Hoje é o Museu dos Coches (o governo anterior gastou cerca de 75 mil euros só em duas sessões de apresentação do novo Museu dos Coches).

Os políticos pedem uma austeridade para a qual não dão o exemplo?

Não quero apontar pessoas, mas o meio não reconhece a austeridade sem haver uma presença da humildade, e não há. Não temos essa compreensão das elites políticas, sociais e económicas para aceitarem a austeridade. Eles não percebem que é também com eles e que fazem parte dessa máquina.

Qual é a opinião que tem do actual primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho?

Não tenho opinião, porque não conheço o que eles querem fazer. Dá a sensação que as pessoas não conhecem o país, nem as potencialidades do país.

Vai festejar 90 anos em Maio. Já pensou o que vai fazer nesse dia?

Fazer 90 anos é uma chatice. Vou procurar olhar para os 90 anos e rir-me.

Nunca pensou em escrever as suas memórias?

Não, não tenho paciência para escrever mais. Vou procurar organizar o que já escrevi. Tenho pouco mais para dizer.

Gostava de viver muitos anos ainda?

Isto toda a gente gostava. Vou ter muitas saudades quando me for embora.

Acredita que há outra vida?

Tenho grande esperança que exista qualquer coisa. Quem não tem essa esperança deve ter um dilema terrível e sentir- -se obrigado a deixar coisas.

Não sentiu, ao longo da vida, essa necessidade de deixar uma marca?

Um indivíduo que não acredita que há outra vida é que tem a fuçanguice de deixar uma marca. Eu gostei de servir e levo aspectos da vida muito bons, que talvez sirvam como referência, mas também cometi erros e talvez vá pagar por eles. Pelo menos era justo que assim fosse. Se não há esse sistema de justiça, é uma pena, mas andamos aqui a fazer de parvos [risos].

(jornal «i»).