terça-feira, 29 de maio de 2012

Sempre a abrir...


Para o infinito e mais além.



Av. Columbano Bordalo Pinheiro.

Fast food.



Chiado.

Retratos de Lisboa.



Rua Garrett.

Aloma!







Aloma. A pastelaria que renasceu graças aos pastéis de nata
Por Clara Silva


Depois do “Melhor Bolo de Chocolate do Mundo”, Campo de Ourique tornou-se local de peregrinação graças a outra iguaria: o pastel de nata da septuagenária pastelaria Aloma, que ganhou o prémio de melhor de Lisboa
“Desculpe lá, sabe dizer-nos onde é que fica aquela casa dos pastéis de nata?”, pergunta um casal numa carrinha branca. “Não somos de Lisboa e estamos perdidos.” Podíamos estar a dar indicações para os pastéis de Belém, mas não. Em pouco mais de um mês, Campo de Ourique tornou-se a Meca dos pastéis de nata e a Aloma, uma modesta pastelaria de bairro, viu-se invadida por uma multidão de gulosos, inclusive turistas japoneses e russos.

“Tem sido uma febre”, confessa João Castanheira, gerente da casa desde 2009. “Logo no dia seguinte a vencermos o prémio [de Melhor Pastel de Nata, promovido em Abril pelo evento gastronómico Peixe em Lisboa], havia filas que chegavam à esquina.” A popularidade mantém-se e não há um fim de tarde em que restem pastéis de nata na vitrina. “No outro dia, um senhor chegou aqui às seis da tarde e pediu um pastel. Já não tínhamos”, conta João. “Então virou-se para nós e disse-nos que queria oito dúzias para o dia seguinte, às oito da manhã.”

As grandes encomendas tornaram-se comuns, principalmente para restaurantes de luxo que já servem o pastel de nata como sobremesa. A melhor altura para apanhar pastéis é durante a manhã. “Embora eles estejam a sair a qualquer hora do dia”, acrescenta João.

A pastelaria, que vai cumprir o seu 70.º aniversário no ano que vem, tem desde sempre fabrico próprio, num espaço apertado por detrás do balcão. É aí que três empregados de bata e barrete branco tiram do forno tabuleiros de 45 pastéis de nata a ferver. Há uma hora estavam em directo num programa da manhã com Serenela Andrade. É o que dá a fama. “Mas depois do prémio, o fabrico não se alterou”, garante João. “Continuamos a ter a mesma qualidade e o mesmo processo artesanal. Aliás, não vamos abdicar dessa qualidade para vender em massa.”

É por isso que, se chegar à Aloma ao fim da tarde, principalmente aos fins-de--semana, pode só encontrar migalhas no balcão. “Muitos clientes não percebem porque não fazemos mais”, diz João. “Acusam-nos de não ter visão de negócio. Mas tento explicar-lhes que há um limite de fabrico por dia para podermos manter a qualidade.”

Ainda assim, João está a pensar na expansão do negócio para outros bairros de Lisboa, para que ninguém fique sem pastéis. O negócio poderá seguir as pisadas do “Melhor Bolo de Chocolate do Mundo”, a loja no mesmo bairro que já chegou à Austrália. “Vamos ver”, diz João.

O que é certo é que o prémio, que já existe há quatro anos consecutivos, deu uma nova vida à pastelaria.

“Até há cinco anos, só tínhamos café de saco”, conta João. Aliás, há clientes que ainda o pedem. A decoração também se manteve inalterada desde o dia da inauguração, a 24 de Dezembro de 1943. Só há pouco tempo ganhou uma nova pintura, um ar mais rejuvenescido e seis mesas.

“Já cá veio a dona Otília?”, pergunta de uma mesa uma senhora que em pouco tempo percebemos chamar-se Fernanda e ter sido actriz antes de se reformar. “Não sei quem é a dona Otília, dona Fernanda”, responde-lhe um empregado. Um deles, o Jorge, já apanhou três gerações de clientes e sabe de cor o nome de muitos habitantes de Campo de Ourique. “Uma senhora aqui do bairro ficou até de me trazer uma caixa antiga da pastelaria onde costuma guardar o presépio”, diz João, que também ali mora e por isso se interessou por pegar no negócio. “Há clientes que já vêm aqui há muito, muito tempo.”

Alguns deles até desde o tempo da fundação. A história da pastelaria já anda esquecida, mas João tenta recuperá-la: “Dois empregados vieram de outra pastelaria e decidiram abrir um negócio só deles em Campo de Ourique. É a segunda pastelaria mais antiga do bairro e uma das mais antigas de Lisboa”, conta. O nome vem de um dos filmes em exibição em 1943, ano da abertura, no cinema Europa, mesmo em frente – onde agora começa a erguer-se um condomínio de luxo. “Nessa altura estreava ‘The Aloma Of The South Seas’, ‘Aloma’ em português, em que Dorothy Lamour fazia o papel de Aloma. Daí o nome.”

Mas nem só de pastéis de nata vive a Aloma. A pastelaria também é conhecida pelas merendinhas, pelas bolas de berlim – “que depois de uma dentada parece que voltam a encher, como se tivessem um pulmão que respirasse”, fantasia João –, e pelo bolo-rei, uma loucura no Natal.

Aloma. Rua Francisco Metrass, 67. De terça a domingo, das 8h00 às 19h00. 213 963 797


ionline

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Rua do Vigário, Alfama.


A Lisboa Medieval, série extraordinária de Fernando Jorge.

Até quando o povo atura isto?

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«Corrupção de Névoa prescreve» (JN, de 28/5/2012)

À porta de Costa.








Lisboa: Vítima tinha saído da cadeia há dois meses

Degolado em rixa entre traficantes
Por causa de dívidas relacionadas com tráfico de droga, um homem degolou outro com vários golpes de faca, ontem de madrugada, na esquina da rua dos Anjos com o largo do Intendente, em frente ao gabinete do presidente da Câmara de Lisboa. Pedro Pereira, 31 anos, ainda foi socorrido por elementos da Polícia Municipal e do INEM, mas chegou ao Hospital de São José já sem vida.


O agressor, um homem de 36 anos conhecido por ‘Necas’, fugiu do local imediatamente, mas entregou-se, ontem à tarde, no posto da GNR da Quinta do Conde, no concelho de Sesimbra. A Polícia Judiciária formalizou a detenção. Será hoje presente em tribunal para primeiro interrogatório judicial e aplicação da respectiva medida de coacção.

A agressão fatal ocorreu pela 01h25 numa zona frequentada por consumidores de droga e prostitutas de rua. Pedro Pereira, que saiu do Estabelecimento Prisional de Lisboa há cerca de dois meses, terá tentado reaver algum dinheiro que ‘Necas’ lhe devia da venda da droga. Os dois começaram a discutir e Pedro pegou numa pedra, mas quando se dirigiu a ‘Necas’ este puxou de uma faca e golpeou-o no pescoço. A vítima foi atingida na veia jugular e caiu no chão, onde se esvaiu em sangue, em frente à namorada grávida. O INEM ainda foi chamado, mas nada havia a fazer. Morreu antes de chegar ao hospital, a menos de um quilómetro.

A faca do crime, com mais de 20 centímetros de lâmina, foi encontrada, horas depois do homicídio, a 200 metros do local, por um morador da Mouraria, que a entregou aos agentes da Polícia Municipal que faziam serviço no gabinete do presidente da Câmara de Lisboa. A arma foi entregue à Polícia Judiciária para agora ser alvo de perícias.


Correio da Manhã



NOTA Lisboa SOS: de que valeu a pena António Costa ir para o Intendente? Mais segurança? Então se matam uma pessoa à PORTA DO SEU GABINETE como nos querem convencer que a ida de Costa para lá mudou o que quer que seja? Menos folclore, menos propaganda, menos festival. Mais Lisboa. Costa é o Sócrates de Lisboa. O TGV, a PPP, o Magalhães... Tudo virtual. De real, o quê? Um homem degolado à porta do seu gabinete, ao Intendente.

sábado, 26 de maio de 2012

Mais um a desaparecer...

Incêndio destruiu prédio do antigo Teatro Laura Alves.


Por Marisa Soares in Público


Fogo começou no quarto de uma residencial. Autarca lamenta degradação do edifício, frequentado por pessoas "indesejáveis"
Um incêndio destruiu ontem de manhã o interior do edifício do antigo Teatro Laura Alves, situado no n.º 253 da Rua da Palma, no centro de Lisboa. As chamas deflagraram num quarto no segundo andar do edifício onde agora funciona a residencial "Noite Cristalina", e rapidamente chegaram à cobertura do prédio, que ficou totalmente destruída. Enquanto se investigam as causas do incêndio, há quem lamente o estado degradado do imóvel.O alerta para o fogo foi dado às 10h16 e os bombeiros Sapadores e Voluntários de Lisboa chegaram ao local pouco depois. O incêndio entrou em rescaldo por volta das 12h e de acordo com o comandante dos Sapadores, Joaquim Leitão, não se alastrou aos edifícios vizinhos - num deles, funciona um centro de lavagem de automóveis e de venda de combustíveis.No rés-do-chão do prédio existem um supermercado nepalês e uma loja de carregamento de telemóveis, que foram encerrados após o alerta para o fogo. As autoridades não sabem quantas pessoas estavam no prédio quando começou o incêndio. "Quando chegámos não estava ninguém, só algumas pessoas no rés-do-chão", afirmou o comandante André Gomes, da Polícia Municipal, acrescentando que os donos do edifício não se apresentaram no local. "Vamos identificar o proprietário no registo do património da câmara, para depois fazer a notificação", adiantou.Segundo o presidente da Junta de Freguesia de Santa Justa, Manuel Luís Medeiros (PS), o edifício é propriedade privada e a residencial "Noite Cristalina" instalou-se ali "há dois ou três anos". Desde então, o autarca já recebeu queixas de moradores vizinhos devido ao ruído nocturno e tem notado a presença de "pessoas indesejáveis" no edifício. Segundo o presidente da junta, a residencial tem sido utilizada para a prática da prostituição.O edifício, que consta da Carta Municipal do Património, acolheu o extinto Cinema Rex (nos anos 30) e depois o antigo Teatro Laura Alves, que encerrou no final da década de 1980. Foi palco de inúmeras peças de teatro de revista - a actriz Ivone Silva fez ali a sua última actuação antes de morrer, em 1987, com a peça "Cá estão eles". O empresário de teatro Vasco Morgado foi quem deu o nome ao edifício em homenagem à mulher e actriz Laura Alves. Terá sido depois vendido e funcionou, nos últimos anos, como espaço comercial."É uma pena o prédio estar entregue a pessoas [estrangeiras] que nem sequer sabem a sua importância e história", lamenta Manuel Luís Medeiros. O autarca considera que o imóvel deveria ser transformado em museu para albergar o espólio de Laura Alves. Parte dele está no Museu do Teatro e o restante está com o neto da actriz, Vasco Morgado, presidente da Junta de Freguesia de São José, que diz estar "completamente disponível para ceder" o que resta do património da actriz.

Aleluia!






Lisboa. Polícia Municipal expulsa skaters da Praça da Figueira


Por Kátia Catulo

Praça é visitada por skaters desde os anos 90, mas agora há multas e ameaças de pranchas confiscadas
Às oito da noite em ponto, o sol ainda brilha na Praça da Figueira, em Lisboa. É boa hora para os skates começarem a rolar. E só é boa hora porque os dois agentes da polícia municipal, plantados num canto da praça desde as cinco da tarde, montam os segways e vão-se embora. Os miúdos batem palmas e soltam gritos de alegria. O espectáculo começa.

Desde o Verão passado que a praça no centro da cidade já não lhes pertence. Ou, só volta a ser deles quando não estão a ser vigiados. No início, nem sequer havia hora certa: “Apareciam e desapareciam sem avisar e ameaçavam-nos com multas se estivéssemos a skatar”, conta Lauande Brito. O rapaz de 22 anos assegura ter sido autuado com uma coima de 60 euros por obstruir a via pública e colocar a segurança dos outros em perigo. Nunca pagou, explica, mas a autoridade subiu agora de tom. “Se desobedecermos, dizem que nos confiscam o skate.” Demorou algum tempo, mas a polícia terá finalmente descoberto o ponto vulnerável dos skaters.

Usar a Praça da Figueira passou então a ser um jogo mais ou menos consentido entre as partes envolvidas. De um lado, os miúdos vão chegando ao final da tarde em grupos ou sozinhos. Trocam saudações em códigos, sentam-se no chão à conversa, deixando o tempo passar. Do outro, os agentes guardam a praça, aproveitando as horas mortas para orientar turistas perdidos na cidade. Por fim, chegam as 20h00. Os dois lados suspendem a desavença e cada qual segue o seu caminho.

A rotina regressa à praça, mas os rapazes não conseguem perceber porque é que as regras mudaram “sem mais nem menos”, queixa-se Lauande Brito. O i quis também saber junto da Polícia Municipal e da Câmara de Lisboa as razões desta recente mudança e se as medidas também se aplicam a quem usa patins ou bicicletas naquela e nas outras praças da capital. As respostas não chegaram até ao fecho desta edição.

Os skaters já nem se lembram com rigor quando é que ocuparam a praça. Não há propriamente um dia ou uma hora certa para assinalar o momento. Ainda a praça era redonda quando Miguel Faro era um skater a aprender os primeiros truques. Nos meados dos anos 90, a Praça da Figueira já era um átrio aberto no centro da cidade para os rapazes do skate. Chegavam a meio da tarde, conta Miguel. Sabiam de antemão que iriam encontrar caras conhecidas. Os mesmos de sempre, a derrapar na pedra, a rodar o skate, a dar voltas no ar e trambolhões no chão. Miguel era um adolescente de 17 anos. Entretanto, cresceu, e arrumou o skate a um canto.

A prancha ficou esquecida até sentir que lhe faltava alguma coisa. Regressou há seis anos, adulto, fotógrafo e artista plástico de profissão: “Não conhecia ninguém, mas estava tudo na mesma.” A Praça da Figueira é, como antes, um ponto de encontro. Ou um ponto de partida para outros street spots como os Restauradores ou o Terreiro do Paço.

Miguel hoje com 34 anos é o “cota” que enquanto está em cima de um skate nem se dá conta que é mais velho do que a maioria: “Estou aqui ao lado de putos de 17 anos, mas isso não faz diferença nem para mim nem para eles.” No street skate não há estatuto nem hierarquias, diz o fotógrafo. O mundo deles é descomplicado e está dividido em duas partes – goofies e regular footers. Uns colocam o pé direito na frente da prancha e, outros, o pé esquerdo. De resto, é tudo igual.

Hugo Rascão é mais ou menos novato nestas coisas do skate. Começou por influência dos amigos da Secundária Artística António Arroio. No início, andou a testar a prancha e só há um ano e meio é que encara o skate “mais a sério”. Aprendeu à custa de trambolhões, nódoas negras, braços esfolados e cicatrizes. “Não há outra forma”, conta o adolescente de 17 anos. A recompensa chega com a experiência: “Ganha--se uma liberdade de fazer o que se quer e da forma como se quer.” Que é o mesmo que dizer dar voltas no ar de 360 graus, rodar o corpo, experimentar kickflips, back side ollie e outras tantas dezenas de truques que nasceram nas ruas de Boston, de Chicago ou de Nova Iorque e são reproduzidos ou reinventados em muitas partes do mundo.

A Praça da Figueira é só uma dessas partes. Nem sequer é a melhor para quem gosta de grandes desafios como corrimões, degraus ou bancos públicos. Mas a tradição fez deste lugar o ponto de encontro entre os skaters. “Não precisamos telefonar ou enviar mensagens”, explica André Reis, de 21 anos. Basta aparecer todos os dias, que os outros também aparecem. Seguem depois para outros street spots. “Muitas vezes é ali ao lado nas “três escadas do Martim Moniz”. Outras vezes é no Largo do Carmo, mais acima. As regras ali são outras e aceites por todos. A GNR permite todos os malabarismos, mas só depois 18h00. As portas do Museu Arqueológico do Carmo fecham-se. A entrada fica livre para todos os skaters.
ioline
Nota Lisboa SOS: andamos há anos a alertar contra isto. Aleluia! Foi decisiva a intervenção do Fórum Cidadania Lx - o que mostra que a cidadania PODE SER EFICAZ. Actue, aja, este é um exemplo de que recompensa. Agora vamos ver se a ordem é para cumprir: a Praça da Figueira anda há anos a ser devastada pelas pranchas de skate, entre outros tratos de polé. Nada temos contra o skate. Só contra este estraga e destrói o que é de todos.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Pequenas anedotas lisboetas.



Uma foto tirada junto à estação fluvial do Cais-do-Sodré."Esquecendo" propositadamente outros detalhes, repare-se no sinal de estacionamento proibido "ALÉM 30 - MINUTOS" (uma verdadeira relíquia em "excelente" estado de conservação), sobretudo atendendo a que por ali só está autorizada a passagem a peões e ciclistas...
Com os meus cumprimentos,

Porquê?






... ao fim de quase dois séculos, a última coluna de iluminação do séc. XIX foi retirada da Praça do Comércio. Porquê? No meio do bulício da cidade, aconteceu o absurdo abate. Porquê?
Fernando Jorge

Os quiosques do Rossio: vive la bandalheira!





Imagens de Fernando Jorge

As árvores também se abatem.






Na freguesia do Castelo, a CML abateu num lodão centenário que estava em perfeito estado de conservação. Uma desgraça... (imagens de Fernando Jorge)

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Tem uma ideia para Lisboa?




Temos ideias para Lisboa que não passam necessariamente por campanhas de propaganda. Que tal começar pelo básico? As coisas essenciais (que a CML é incapaz de assegurar) e que têm implicações directas na qualidade de vida dos cidadãos? A conservação das calçadas, a recolha do lixo, a recuperação do imobiliário municipal, o estacionamento abusivo... São ideias. Num post.

The Quiet Volume.



sexta-feira, 18 de maio de 2012

O outro Teatro Camões.



Exmos. Senhores Deputados Municipais


Serve o presente para alertar V. Exas. da eventualidade do Teatro Luís de Camões, sito na Calçada da Ajuda, poder vir a ser alvo de projecto intrusivo, na sequência da atribuição do respectivo projecto de reabilitação ao Arq. Manuel Graças Dias, pela empresa municipal SRU-Ocidental.

Trata-se, como é do conhecimento de V. Exas.,de um teatro que é propriedade da CML, e que será intervencionado no âmbito dos projectos a desenvolver pela CML ao abrigo do protocolo de transferência das competências da extinta Sociedade Frente Tejo.

Fazemos notar que nada, absolutamente nada, nos move contra aquele conceituado arquitecto; apenas temos sérias dúvidas sobre se aquele belo e único "teatrino" de Lisboa, que não tem nenhum tipo de protecção legal, necessitará de outra intervenção que não seja, tão só, o restauro cuidado da sua sala e a modernização das suas infraestruturas de apoio técnico (cénico, camarins, cafetaria).

Toda e qualquer obra para além disso implicará, a nosso ver, sérias alterações numa sala de época (1880), valiosa por isso mesmo, que assim deixaria de o ser, perdendo Lisboa o seu único "teatrino", como já referimos. Desconhecemos o teor do caderno de encargos associado à Proposta nº652/2011 (em anexo) que dará corpo à intervenção agora adjudicada.

Junto enviamos fotos do site do IHRU (http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=4732), e do blogue S.O.S. Lisboa (http://lisboasos.blogspot.pt/2009/03/teatro-luis-de-camoes.html), onde V.Exas. poderão encontrar mais informação acerca deste teatro, que julgamos ser de recuperar, preservar e modernizar; e não de alterar ao gosto, ou à criatividade, seja de quem for.

Solicitamos, por isso, à CML para que especifique pública e claramente que tipo de intervenção será feita, uma vez que é do desconhecimento público qual será de facto a intervenção. Restauro? Modernização? Demolição de estruturas originais de valor patrimonial?

E apelamos à Assembleia Municipal de Lisboa para que acompanhe este processo! ... até porque, fazendo o Teatro Camões parte do Inventário do Plano Director Municipal ainda em vigor (1994) com o nº 32.17; e constando igualmente da Carta Municipal do PDM em revisão, que aguarda aprovação por essa Assembleia, tendo nele mantido o mesmo nº de código: 32.17; cremos que nunca será demais evocarmos nesta oportunidade essa distinção tão repetidamente atribuída pela própria CML!

Por último, consideramos confrangedora a situação a que assistimos, um pouco por todo o país, de completa ausência de protecção legal desta tipologia de património - cinemas, teatros, etc. E é lamentável que assim continue a ser.

Na expectativa, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos


Luís Marques da Silva, João Oliveira Leonardo, António Araújo, Nuno Caiado, João Leitão, Carlos Matos, António Sérgio Rosa de Carvalho, Jorge Pinto e Fernando Jorge

C.c. CML, Igespar/DRC-LVT, SRU-Ocidental, JF Belém e Ajuda, e Media

terça-feira, 15 de maio de 2012

Moradores ocupam lugar de estacionamento com micro-relvado de protesto.




Uma parcela da praça fora recortada, abrindo espaço a mais um automóvel. Mas um grupo de moradores não gostou e agora lá estão 18 metros quadrados de relva fresca. Eis uma nova forma de ocupação cívica do espaço público em Lisboa.

Foi preciso uma noite inteira de trabalho, entre sábado e domingo passado, para um pequeno grupo de cidadãos materializar esta forma de protesto. Dias antes, a Câmara Municipal de Lisboa havia removido um ecoponto que estava num canto da Praça das Flores, na freguesia das Mercês, junto a uma esplanada. Os contentores eram dos que ficam enterrados e, segundo a câmara e os próprios moradores, constituíam um foco de atracção de lixo de toda a espécie.

Ao invés de restituir o espaço à praça, a autarquia optou por uma alternativa que não agradou a toda a gente: a área dos contentores foi transformada num lugar de estacionamento – um recurso escasso naquela zona da cidade.

Em poucos dias, o pavimento começou a ceder com o peso das viaturas, criando-se grandes buracos. O lugar foi vedado para obras e foi nessa altura que João Pedro Barreto, 33 anos, professor do Instituto Superior Técnico, resolveu agir. Contactou um grupo de pessoas dispostas a repartir os cerca de 100 euros que custaria o protesto e avançou. “Comprámos a relva e fomos lá de madrugada plantá-la”, afirma.

Duas placas no local informam das razões do protesto, uma delas com uma mensagem simples, dizendo que aquele espaço “pertence às pessoas” e não a um automóvel com um único ocupante.

O mini-relvado surpreendeu os moradores. “Como é que eu não vi isso antes?”, reagiu Ricardo Sobral, dinamizador do blogue “Bicicleta na cidade”, ao sair de um supermercado numa das esquinas da praça, no final da tarde de segunda-feira.

“Isto está seguro?”, perguntava, na mesma altura, Mariana Miranda Calha, que tinha antes reparado nos buracos do lugar de estacionamento. “Acho muito bem, fica bonito assim”, afirma agora. Mas não é tudo. Naquele bairro, como noutros em Lisboa, a recolha de lixo porta a porta está a criar grandes problemas, com muitos moradores a deixarem os sacos durante o dia todo na rua, quando só serão recolhidos à noite.

O ecoponto também era um destino desta prática. “O contentor era uma vergonha”, diz Mariana Calha. “Quando tiraram o ecoponto, achei que era boa notícia”, completa João Barreto.

Para a Câmara de Lisboa, remover o ecoponto era o objectivo principal – no âmbito de um plano para reduzir apenas aos vidrões os contentores de reciclagem na maior parte da cidade até 2013, ficando o resto abrangido por recolha porta-à-porta. “Não fazemos questão que aquele espaço seja um lugar de estacionamento. Se for da vontade dos moradores que seja parte da praça, estamos disponíveis para analisar o assunto”, afirma João Camolas, assessor de imprensa do vereador José Sá Fernandes, que tem o pelouro dos espaços verdes.

Ocupar lugares de estacionamento não é novidade. Muitos lisboetas já participaram da iniciativa mundial “Parking Day”, em que grupos de pessoas pagam o preço do parquímetro por algumas horas e utilizam o lote de parqueamento para outras actividades. O próximo “Parking Day” é no dia 21 de Setembro.

No caso da Praça das Flores, no entanto, a ocupação é mais permanente. Mas por pouco, o relvado não morre à nascença. “Terminámos de colocá-lo às 6h da manhã e às 8h acordaram-me dizendo: ‘Estão a tirar a relva’”, conta João Barreto. Na verdade, era uma empresa de construção civil, que viera arranjar os buracos do lugar de estacionamento. Antes de nivelar e consolidar o terreno, os trabalhadores retiraram cuidadosamente cada placa de relva e depois amontoaram-nas de modo ordenado no local, permitindo a sua rápida reposição.

Agora, apesar da sua dimensão, a micro área verde já está a atrair os utentes mais imediatos de um jardim: em meia-hora, na segunda-feira à tarde, viram-se pelo menos duas crianças a brincar na relva e um cão prestes a dar-lhe uso sanitário (Público).