Lisboa
Autarquia criticada por manter arquivo histórico "encaixotado"
por CARLOS DIOGO SANTOSHoje
Movimento quer saber a razão de documentação estar vedada aos liboetas há oito anos. Maria Filomena Mónica é uma das personalidades que defende a reabertura do arquivo.
"Acho inacreditável que o arquivo histórico de Lisboa esteja vedado ao público há tanto tempo." As palavras são da escritora Maria Filomena Mónica, numa altura em se completam oito anos desde o dia em que as portas deste arquivo foram fechadas pela autarquia. A historiadora elogia a iniciativa do Fórum Cidadania LX, que terá solicitado à vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, durante o dia de ontem, uma audiência sobre o assunto. "Só não estarei presente se não estiver no continente", disse Filomena Mónica, justificando que terá de se deslocar "nos próximos dias aos Açores para apresentação de um livro" seu.
A solicitação do Fórum Cidadania Lx terá sido enviada durante a manhã de ontem, mas, ao fim da tarde, a autarquia garantiu que ainda não tinha recebido nada.
O DN consultou o site da Câmara Municipal de Lisboa, onde é possível ler que "o arquivo histórico se encontra instalado desde 2004 no Bairro da Liberdade, junto da Estação dos Caminhos de Ferro de Campolide". No texto online é ainda referido que "actualmente, mediante marcação prévia, os leitores podem consultar a documentação que se encontra microfilmada".
Porém, a versão é desmentida no documento enviado a Catarina Vaz Pinto, onde é dito que o serviço está fechado ao público e que será reaberto em Campolide: "Diz--se agora que a ideia de V. Exa. é reabrir definitivamente o arquivo histórico no edifício de Campolide." "Uma solução sem dignidade", visto que o espaço referido, onde actualmente se encontra o arquivo intermédio, foi concebido para ser "garagem".
Paulo Ferrero, membro do Fórum Cidadania Lx, acrescenta ainda que "o arquivo histórico está em Campolide, mas está todo encaixotado, não sendo possível consultar qualquer documentação". Além da inacessibilidade à documentação é ainda criticado o local, alegadamente, escolhido. "Há muito património com valor cultural em Lisboa, facto que torna inaceitável que o arquivo histórico esteja num bairro de habitação social, como é o Bairro da Liberdade", salienta a mesma fonte.
Maria Filomena Mónica diz ser impossível ficar indiferente a tudo o que está a acontecer em torno deste arquivo. Sem dirigir qualquer crítica à localização do arquivo, a escritora salientou que o que a move nesta luta é a conservação do património cultural. "Irei a essa audiência unicamente com o objectivo da preservação do património e da abertura do arquivo aos cidadãos", esclareceu.
Caso a audiência seja viabilizada, há mais personalidades que estarão presentes ao lado do Fórum Cidadania Lx: "Teremos a honra de ser acompanhados, em princípio, por Maria Filomena Mónica, Marina Tavares Dias e Rui Tavares." No arquivo histórico de Lisboa encontra-se a documentação mais antiga de todo o acervo do Arquivo Municipal. Entre estes documentos encontram-se o traslado do Foral de 1179, o Foral Manuelino, o Cartulário Pombalino e os valiosos espólios de Neves Águas, José Luís Monteiro e dos arquitectos Cassiano Branco, Keil do Amaral e Ruy Athouguia.
(in Diário de Notícias).
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