quarta-feira, 19 de maio de 2010

Crise? Qual crise?


Conselho directivo da fundação reuniu ontem

CCB vai avançar com novo estudo de mercado para construção dos módulos em falta
Por Vanessa Rato

Não foi uma reunião deliberativa, mas foi a reunião em que o novo conselho de direcção da Fundação Centro Cultural de Belém ficou a conhecer a fundo as pastas na mão do presidente do conselho de administração do CCB, António Mega Ferreira. Entre elas os planos de construção dos dois módulos em falta para completar o projecto original dos arquitectos Manuel Salgado e Vittorio Gregotti.
António Mega Ferreira quer completar o projecto original dos arquitectos Manuel Salgado e Vittorio Gregotti (Pedro Cunha)

Depois de adiado o plano no seu primeiro mandato, Mega Ferreira quer avançar agora, no segundo mandato, com o plano e já no segundo trimestre deste ano deverá pedir nova consulta de mercado, uma actualização do estudo económico-financeiro feito há dois anos, quando se considerou não ser o momento para ceder concessões de construção.

O novo estudo "vai condicionar tudo", disse ontem ao PÚBLICO Mega Ferreira. A ideia é que a concessão de construção do módulo 5, a ocupar por um hotel, sirva para pagar a construção do módulo 4, para equipamentos como uma biblioteca e um auditório de 600 lugares.

"A equação faz sentido se o dinheiro libertado pela construção do módulo 5 financiar largamente o módulo de equipamentos. Faz sentido se as condições que encontrarmos no mercado forem ao encontro das nossas expectativas. Não sendo assim, não vamos, naturalmente, endividar-nos", disse também Mega Ferreira.

Apoio consensual

Escusando-se a concretizar qual a sua expectativa financeira, o presidente do conselho de administração do CCB sublinha que a construção do módulo 4 poderia também ajudar a injectar novos fundos no CCB, nomeadamente através das receitas conseguidas com o aluguer do auditório, um espaço de menor dimensão do que o Grande Auditório - 1500 lugares -, mas duas vezes maior do que o Pequeno Auditório - 300 lugares.

No estudo prévio encomendado ao atelier Gregotti o módulo 5 surge como uma estrutura modular decomposta, com reentrâncias para zonas verdes, continuando o Jardim das Oliveiras na frente ribeirinha. O módulo 4 surge retirado em relação à frente de rio.

Também ontem, o ex-ministro da Justiça Álvaro Laborinho Lúcio, porta-voz do conselho de direcção composto ainda pelo investigador João Caraça, as escritoras Lídia Jorge e Clara Ferreira Alves, o advogado Vasco Vieira de Almeida e o economista António Rebelo de Sousa, disse ao PÚBLICO que, na reunião, houve "uma tomada de posição consensual" de "apreço pelo modo como o presidente e o conselho de administração da fundação têm exercido as suas funções". Laborinho Lúcio diz que o conselho de direcção pode agora "ter opiniões mais substantivas" em relação aos grandes temas do CCB, nomeadamente quanto ainda às estratégias de programação e patrocínios e à relação com o Museu Berardo. Mas o ex-ministro sublinha que tanto a construção dos novos módulos quanto a relação com o Museu Berardo "dependem de uma vontade política". "Têm a ver com o Ministério da Cultura e não com o conselho de direcção."

(in Público)

1 comentário:

Paulo Ferrero disse...

Gostava de saber a verdadeira razão porque querem construir os módulos em falta, suponho que não seja ao abrigo do estado de necessidade;-)