Quem elegeu António Borges?
Sei que, para muitos liberais, aquilo que não se pode vender ao desbarato ou não se pode comer, nada vale. Os homens do business first - as criaturas das gestões, os maníacos da bolsa, os paranóicos do marketing & publicidade, os fetichistas do management - são os bárbaros de hoje. Para essa tribo alucinada e selvagem, o Terreiro do Paço dava uma excelente urbanização, os Jerónimos um hotel de 5 estrelas com Spa, a Torre de Belém um centro multiusos, a Sé Catedral uma excelente discoteca. O fanatismo desses salafistas do mercado, desses comunistas dos cartões-de-crédito e desses fascistas do poder do dinheiro é alimentado por um profundo desprezo por tudo o que desconhecem, nomeadamente o inefável, inútil e grandioso que resplende da arte, do pensamento teórico, da leitura literária, da escrita criativa, da investigação. Em pouco mais de vinte anos, destruíram o movimento editorial - substituindo-o pelo consumo dessa livralhada que inunda escaparates - mataram o jornalismo - hoje nas mãos de grupos empresariais alvares - e tomaram de assalto os pequenos mundos da fruição que eram os museus, as galerias, os círculos literários, erigindo as "indústrias culturais".
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