sábado, 29 de outubro de 2011

Reabilitar, já!!

Este é o momento para se repovoar o centro das cidades
sábado, 29-10-2011
Diário Notícias


Este é o momento para se repovoar o centro das cidades

urbanismo Especialistas espanhóis e portugueses consideram que o caminho é recuperar edifícios e aproveitar os terrenos citadinos

A crise tem de ser aproveitada para acabar com as obras faraónicas, tomar o urbanismo mais realista, menos dispendioso e mais virado para os centros urbanos, permitindo o repovoamento das cidades e a poupança dos avultados custos imputados às autarquias e aos cidadãos. Estas foram as principais ideias transmitidas no VIII Congresso Ibérico de Urbanismo, que decorre na Covilhã, reunindo urbanistas nacionais e espanhóis.

Os desafios propostos àqueles que pensam e projectam o território prendem-se muito com a actual falta de dinheiro e implicam, sobretudo, ultrapassar o muito que se fez errado nas últimas décadas. Cidades que se expandiram para muito longe dos respectivos centros e sem ordenamento urbanístico (implicando investimentos de milhões de euros em infra-estruturas e construção de equipamentos sociais), obras públicas que não têm grande utilidade e a utilização do solo sem critério global são os principais erros que, segundo os oradores, se verificam não só em Portugal como noutras cidades da Europa.

Sebástian Grau, presidente da Associacion Espanola de Tecnicos Urbanistas, assume que é preciso inverter o caminho e regressar às cidades, reabilitando-as. Como exemplo aponta a própria Universidade da Beira Interior, que acolhe o congresso. "Informaram-me que este edifício era uma fábrica e que foi reconvertido. Esta é a forma de fazer as coisas, evitando expansões desnecessárias e mantendo as pessoas na cidade", diz.

"O urbanismo não é uma ciência exacta, e por isso cometeram-se muitos erros. Eu recordo autênticos erros de grandes urbanistas mundiais. Cito muitas vezes os planos urbanísticos do Porto e Aveiro, em que previam coisas perfeitamente incríveis como a demolição de casario junto à ribeira. E isso começou a ser feito e obrigou a uma reconstrução. Portanto, claro que há erros e mudanças necessárias. Neste momento, temos de voltar às cidades antigas. Aproveitar os terrenos que ainda estão livres e recuperar aquilo que já lá está construído", referiu Pedro Guimarães, presidente da Associação dos Urbanistas Portugueses.

O urbanista e arquitecto paisagista Sidónio Pardal também concorda que nos últimos 40 anos se cometeram erros e assume que haverá condicionantes no futuro.

"As cidades são espaços que devem proporcionar uma relação casa/emprego confortável e devem proporcionar economia nos custos da habitação. É necessário criar sistemas onde todos os custos (água, luz, gás e transporte) sejam os menores possíveis. CATARINA CANOTILHO, Fundão

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