sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Cril, cril.

Lisboa
Obras da CRIL afectam habitações e moradores acusam a câmara
Habitantes de Santa Cruz de Benfica consideram que a autarquia abandonou os seus munícipes e exigem medidas para os defender

As obras da última fase de construção da CRIL (circular regional interior de Lisboa), no sublanço Buraca/Pontinha, "estão a fazer ceder os terrenos e a causar vários problemas graves nas habitações da zona" (ver caixa), denunciou ao DN o representante da Comissão de Moradores de Santa Cruz de Benfica, Jorge Alves.

Apesar de as obras em curso serem da responsabilidade da empresa pública Estradas de Portugal, Jorge Alves e outros moradores acusam a Câmara de Lisboa de ter "abandonado os seus munícipes" ao ignorar os impactos desta obra, que está a afectar a "estabilidade estrutural das habitações".

"Vamos exigir à câmara que tome medidas para defender os seus munícipes", referiu o representante dos moradores.

Jorge Alves explicou que "naquela zona há um lençol freático cuja situação foi alterada e tem causado cedências de terrenos que provocam vários problemas nas construções".

"Há casos em que o chão da sala ficou oco, porque o solo que existia por baixo foi desaparecendo. Nas paredes das casas vão-se abrindo rachas, que chegam a ter mais de um centímetro", referiu o representante dos moradores.

Para tentar encontrar uma solução e salvaguardar os interesses dos habitantes, a comissão de moradores exige, com carácter de urgência, uma reunião com a Câmara de Lisboa.

Na opinião de Jorge Alves, a autarquia tem uma grande responsabilidade, até porque a obra teve o aval do antigo presidente da câmara Carmona Rodrigues (PSD).

O mesmo representante considera que agora, com o PS na presidência, o executivo de António Costa se isentou das suas obrigações: "Embora consciente de que o projecto era uma aberração, aceitou-o como facto consumado."

A comissão não entende como o município não actua, "desculpando-se de esta obra ser do Estado", quando um dos seus vereadores, Fernando Nunes da Silva (independente eleito na lista do PS), considerou o projecto "um crime". Para Jorge Alves, "se um responsável político diz que todo o processo é um crime", então é preciso a câmara tomar posição. "Caso contrário, avançamos com queixas-crime", concluiu.

(in Diário de Notícias).

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