sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Pop Up.





Cultura Urbana
No Pop Up Lisboa a arte são colaborações espalhadas pela cidade e abertas a todos
Por Mário Lopes

Chama-se Pop Up, define-se como Festival Internacional de Cultura Urbana e, desde ontem e até 11 de Dezembro, vai espalhar o trabalho de numerosos criadores por Lisboa, numa lógica de interacção artística e de ocupação de vários espaços da cidade, dos nobres aos desocupados.
O Pop Up Lisboa tem um financiamento de 30 mil euros da câmara (Fábio Teixeira)

O segundo ano do festival, ontem apresentado à imprensa, pretende o reconhecimento de uma identidade para Lisboa, através de diversas manifestações artísticas (artes plásticas, cinema, música, performance) e do intercâmbio entre criadores de várias nacionalidades. Objectivo final? Com a actividade da centena e meia de artistas envolvidos, num equilíbrio entre jovens e consagrados, colocar Lisboa no mapa das capitais da cultura urbana. Cidades como "Berlim, Barcelona ou Istambul", enumera ao PÚBLICO o director criativo Hugo Israel, onde a colaboração entre artistas, também com uma vertente de "entretenimento" e "abertas" a toda a população, contribuem para a sua identidade.

Nómadas urbanos

Haverá música e cinema independente no Nimas (abre amanhã, com o documentário Bela Adormecida, sobre Lena d"Água, seguido de um concerto da própria). Intervenções artísticas no Bairro Portugal Novo, nas Olaias, e exposições e performances no Pavilhão 27 do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa ou, hoje, na LX Factory (que celebra o seu Open Day, ao qual se junta o Pop Up). Além disso, abrem-se as Conversas Pop Up na Gulbenkian onde, dia 10, se celebrará o centenário do nascimento de Paul Bowles.

Ontem à tarde, abriram-se as portas daquele que será o centro do Pop Up Lisboa 2010, o Palácio Verride, conhecido como Palácio de Santa Catarina, ao miradouro do Adamastor. Três andares e muitas salas do palácio oitocentista ocupados por trabalhos de nomes como Carlota Lagido, Pedro Ganhano, a dupla Cabracega ou os americanos The Antagonists Arts Movement

Na maioria das obras expostas, fiéis ao mote do festival, o conceito "nómadas urbanos", conjugam-se elementos dispersos da urbanidade: um "Facebook analógico", de Jaime Ferraz; uma sala de estar, com Galo de Barcelos, cão e candeeiro em plástico derretido, por Rui Pereira; ou um mural onde o Taj Mahal, o Arco da Rua Augusta ou o Centro de Arte Contemporânea de Niterói convivem na mesma cidade.

A arte no quotidiano

A vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, Catarina Vaz Pinto, presente na inauguração, referiu ao PÚBLICO ser intenção da câmara promover e dinamizar mais profundamente as indústrias culturais da cidade. Apontando como exemplo desse empenhamento a atribuição, no início deste ano, de "ateliers para as artes", manifestou porém o desejo de que seja a democracia participativa a alavanca maior desse desenvolvimento.

O Pop Up Lisboa tem um financiamento de 30 mil euros da câmara, retirados do seu orçamento participativo, cujo destino é decidido pelos munícipes. Aqueles que participem no festival, ou que sejam envolvidos por ele nas suas deambulações quotidianas (artistas como Ana Perez Quiroga, João Vilhena ou Alexandre Farto deixarão a sua marca em diferentes estações ferroviárias, as chamadas Linhas Pop Up), experimentarão, assim o desejam os organizadores, uma vivência citadina em que a experiência artística seja uma componente com presença regular.

"Promover a arte, a arte colaboracionista, dar-lhe sentido e motivar as pessoas." É isso que Hugo Israel espera do Pop Up Lisboa que ontem teve início.


(in Público).

Sem comentários: