sábado, 31 de julho de 2010

As mini-férias do Lisboa S.O.S: Praia da Consolação.

Cansado, o Lisboa S.O.S. partiu para umas curtas e merecidas férias. O objectivo era afastar-se do quotidiano e do calor: escolhemos as praias ventosas do Oeste. A destruição da paisagem, a construção desordenada e a má arquitectura não impediram o nosso descanso. Decidimos colocar apenas as fotografias mais simpáticas. Tudo o resto merecia um Peniche SOS.



«No princípio dos anos 70 era ainda um lugar. Entre um forte e uma igreja, um vasto largo abria a norte para as Berlengas e um fundo areal até Peniche; a sul, para uma costa escarpada sobre rochas recortadas de marés. Meia dúzia de casas, de uma arquitectura rural de que se perdeu o conhecimento das técnicas de fabrico, iniciava uma expansão habitacional que poderia ter sido harmoniosa, tanto espaço disponível parecia haver.»





«Todas as supostas benesses da natureza marítima surgem como uma espécie de milagrosa Nossa Senhora do Reumatismo. O resto, (pois tudo o mais é para eles o resto, fruir o corpo, sentir nele a alma despertada pelo sol e pelo vento do mar), não tem razão de ser. Livre-nos Deus do reumático e o resto exterminaremos nós.»



«Para a pequena aldeia costeira havia um plano de urbanização que, já na década de 60, delimitara «zonas verdes» e procurava pôr cobro à desordem terrorista a que se costuma chamar as «luvas» para as câmaras fecharem os olhos ao grotesco e ao crime habitacional.»



«Foi havendo também, como por todo o lado, crescimento de pedra e cal, dentro desse espírito de mau gosto e de materiais impostos pela tacanhez industrial que, de uma vez para sempre, impediu este país de ser um local com qualquer critério habitacional.»






Excertos de «No Litoral Português» de Joaquim Manuel Magalhães in Um Pouco da Morte. Lisboa: Presença, 1989.

Sem comentários: