domingo, 30 de novembro de 2008

Colégio dos Meninos Órfãos.



Lisboa tem destas coisas, tesouros escondidos. Uma porta nas traseiras do Centro Comercial Mouraria...



...entra-se por aqui...



...e temos isto: o Colégio dos Órfãos. Actual Casa de Nossa Senhora do Amparo.



Cenas bíblicas em azulejos setecentistas, ao longo de vários andares. Do Antigo ao Novo Testamento. Em bom estado de conservação. Não deveria ser um ponto turístico? Ná, tem graça ser é um tesouro escondido, entre os milhares que Lisboa oferece, a quem a conhece.



A Adoração dos Reis Magos.
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Magníficos presentes que a Rainha do Sabá oferece a Salomão





Natal.


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O Nascimento de Cristo.
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A circuncisão.
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O colégio foi fundado em 1273 sobre a invocação de Nossa Senhora de Monserrate. Foi reformado em 1549. Em 1745 sofreu obras de beneficiação, a mando de D. José, por se encontrar em mau estado. Na fachada principal rasga-se um portal manuelino. Os azulejos que se encontram nas escadarias são do séc. XVII e apresentam molduras rococó.
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O Menino Jesus entre os Doutores.
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Uma pálida imagem desta maravilha. Se quiser ver, é só entrar. A construção é «só» do século XIII. Imóvel classificado em 1986. Rua da Mouraria, nº 64.
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Esclarecimento:
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Alguns leitores criticaram o facto de termos publicado estas imagens, considerando que a sua divulgação poderia aumentar o risco de furto dos azulejos da casa da Rua da Mouraria, nº 64. Agradecemos - e muito - esses comentários, pelo que nos sentimos na obrigação de prestar o seguinte esclarecimento:
1) O nº 64 da Rua da Mouraria, a única porta de entrada da casa, é contíguo a uma esquadra da Polícia de Segurança Pública. O risco de ladrões de azulejos transportarem consigo material furtado é, por isso, bastante reduzido, quando não inexistente.
2) Tanto é assim que os azulejos se encontram há anos no local, tendo sido recuperados e não tendo existido até há data o mínimo indício de furto.
3) Ao publicarmos estas imagens, o nosso objectivo foi dar a conhecer aos leitores um «tesouro escondido» da capital e, em simultâneo, apelar a que o mesmo passe a constituir um ponto de visita turística. O melhor conhecimento do património é também a melhor forma de o preservar - e de responsabilizar as instituições ou os particulares dele proprietários (neste caso, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa).
4) Ponderámos devidamente os riscos envolvidos nesta publicação, considerando que a proximidade da esquadra da PSP e o facto de até há data não se terem verificado furtos, para mais numa zona altamente «problemática» como é o Martim Moniz, justificavam a publicação.
5) Além disso, não é muito provável que seja através deste blogue que os potenciais ladrões de azulejos venham a inspirar-se. Na zona, é fácil saber da existência dos painéis de azulejos (cuja dimensão e estado de conservação, para mais, dificultam a remoção clandestina), pelo que, não se tendo registado até há data quaisquer problemas, acreditamos que não será a partir de agora que o risco de furto se torna significativamente mais intenso.
6) A questão colocada pelos leitores suscita aliás um problema de índole mais geral: deveremos «esconder» alguns elementos patrimoniais ou, ao invés, publicitá-los o mais amplamente possível? Em regra, achamos que a publicidade, se conseguir despertar e mobilizar os cidadãos é a atitude mais correcta. Mas, como é óbvio, reconhecemos que, no caso dos azulejos e do património mobiliário, existe efectivamente um risco. E, por isso, somos muito parcimoniosos na divulgação das centenas ou milhares de imagens que possuímos de património mobiliário, algum dele em estado de ruína e degradação.
7) Existem casos de iminente risco de furto. Temos divulgado alguns. Com o propósito de alertar as autoridades (o que fizemos, enviando-lhes mails) e com o propósito de apelar aos cidadãos para que eles próprios chamem também a atenção das autoridades. Assim, por exemplo, colocámos um «post» a solicitar urgente atenção a um painel de azulejos existente no Beco do Belo, parte do qual já foi vandalizado: http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=3416691146053836062&postID=2616113948397285739
8) Infelizmente, não recebemos qualquer resposta por parte das autoridades. E também não tivemos notícia de que algum cidadão haja participado na «campanha» que lançámos em defesa dos azulejos do Beco do Belo.
9) Recentemente, passámos pelo Beco do Belo. Os azulejos continuam lá, à mercê de vândalos e ladrões.
10) Seria óptimo que, a propósito dos oportunos comentários de dois leitores amigos, que muito agradecemos, se desse maior atenção ao que ocorre no Beco do Belo e noutros lugares.
Resta-nos agradecer, uma vez mais, aos nossos leitores Miguel e Júlio Amorim. Muito obrigado!

5 comentários:

miguel loureiro disse...

acho péssimo postar isto...daqui a um mês alguns já lá não estão...

Julio Amorim disse...

......também acho que é melhor ficar bem escondido!

Sônia Regina Fernandes da Costa disse...

Concordo totalmente com o Lisboa SOS. Moro no Brasil e costumo ir a Lisboa uma vez por ano. Sou apaixonadíssima por Lisboa. Assim que retornar a Lisboa tentarei conhecer esse tesouro desconhecido. Não acho que a divulgação de um local vá aumentar ou iniciar atos de vandalismo, furto etc. Se for assim, é melhor começarmos a divulgar que os museus não existem mais, já que tem acontecido furtos de telas famosas. O que precisa é mais segurança. Só valorizamos nosso patrimônio, conhecendo-o. Abraços.

ana disse...

O nº da porta não é 64 mas sim Edifício do Amparo, porque antigamente era o recolhimento do Amparo, se têm dúvidas consulte a Torre do Tombo acerca da história do Edifício.

O risco de furto inexistente devido a esquadra da policia se encontrar ao lado?

Pois bem a propria esquadra ja foi assaltada como todo o resto do prédio desde o R/c até ao 5º andar, e os azulejos já foram vitimas de várias tentativas de furtos onde uma delas foi com sucesso onde levaram uma antepara (mesmo nas barbas da policia), numas das tentativas os ladrões tinham um berbequim onde furaram os cantos dos azulejos na tentativa de os retirarem, acabando simplesmente por danificalos.

O proprietário do prédio nao é a Santa Casa da Mesiricódia mas sim os monumentos nacionais administrado pelo património, sito na Av. de Berna esquina com a Av. da républica.

O lado positivo desta informação é apenas de divulgar o património nacional muitas vezes ignorado pela população que muitas vezes mora ao lado.

E escusam de reclamar pois apesar de só ter 14 e de ter nascido neste prédio do qual tambem sou moradora informo que a minha avó mora aqui há 82 anos.

Caso me queiram contactar deixo aqui o meu E-mail:
esecpassosmanuel@gmail.com

Cumprimentos,
Ana Sofia

António disse...

É aflitivo as Autoridades competentes, não terem ainda tomado providencias, ainda! Para tão extraordinário Património!
Aproveito para informar, outro caso: Na Rua de Arroios, existe um prédio, com uma caravela em pedra, quinhentista. Já salvei uma, na Rua Conde Pombeiro, evitando um roubo, descarado!